Em dia de julgamento de Bolsonaro e otimismo em Wall Street bolsa bate recorde e passa de 140 mil pontos; Fazenda divulga boletim Macro Fiscal no meio da tarde
O dólar comercial recuou 0,27% e estendeu as baixas da véspera, cotado a R$ 5,39
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(Brasília-DF, 11/09/2025) No dia de julgamento, quinta-feira, 11, do ex-presidente Jair Bolsonaro o Ibovespa alcançou um novo recorde nominal. O movimento acompanhou o otimismo de Wall Street após o principal indicador de inflação dos Estados Unidos ficar dentro das expectativas do mercado.
O principal índice da B3 teve alta de 0,56%, aos 143.151 pontos. Foi a primeira vez que o Ibovespa ficou acima dos 143.000 pontos.
O dólar comercial recuou 0,27% e estendeu as baixas da véspera, cotado a R$ 5,39.
O fechamento dos mercados ocorreu após o Supremo Tribunal Federal formar maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado e outros quatro crimes.
Mas desde antes disso investidores reagiram ao longo do dia à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA em agosto. A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), reduza as taxas de juros na reunião na próxima semana.
As bolsas reagiram de forma positiva, e os três principais índices americanos bateram novos recordes.
Fazenda
À tarde desta quinta-feira, 11, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda divulgou o seu Boletim Macrofiscal apontando que reduziu de 4,9% para 4,8% a projeção da inflação deste ano pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Segundo a SPE, a projeção de redução da inflação ocorre no contexto de excesso de oferta de bens em escala mundial, como reflexo do aumento nas tarifas comerciais, especialmente o tarifaço aplicado ao país pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O boletim também aponta a menor inflação no atacado agropecuário e industrial, além dos efeitos defasados do real mais apreciado como elementos que contribuíram para a redução na previsão. Outro ponto é que essa estimativa considera bandeira amarela para as tarifas de energia elétrica, em dezembro.
A projeção é de que o IPCA continue projetado acima do teto da meta de inflação para o ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.
Em relação aos demais índices de inflação, a SPE também revisou as estimativas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para estabelecer o valor do salário mínimo e corrigir aposentadorias, se manteve com variação de 4,7%, mesma projeção do boletim anterior.
A projeção para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui o setor atacadista, o custo da construção civil e o consumidor final, caiu de 4,6% para 2,6% este ano. Por refletir os preços no atacado, o IGP-DI é mais suscetível às variações do dólar.
Quanto ao crescimento da economia brasileira neste ano, também houve uma revisão para baixo de 2,5% para 2,3%. O boletim explica que a revisão está relacionada ao resultado abaixo do esperado observado para o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) do segundo trimestre comparativamente ao projetado em julho, repercutindo canais potentes de transmissão da política monetária ao crédito e atividade.
“Esse quadro de desaquecimento da atividade econômica está associado à política monetária restritiva, levando à desaceleração do crédito. Com a taxa de juros básica em 15% ao ano, já se observou redução na expansão interanual das concessões reais de crédito de cerca de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para 2,4% no trimestre encerrado em julho”, aponta o boletim.
A atividade econômica, ainda segundo o boletim, desacelerou de maneira acentuada no segundo trimestre. Na margem, o ritmo de crescimento passou de 1,3% no primeiro trimestre para 0,4% no segundo, repercutindo a queda na produção da indústria de transformação e construção e a redução nos serviços prestados pela administração pública.
Pela ótica da demanda, houve desaceleração no consumo das famílias e recuo no consumo do governo e no investimento. Com isso, a projeção de crescimento para o PIB da indústria foi revisada de 2% para 1,4% e seguiu em 2,1% para o PIB de serviços.
Já para o PIB agropecuário, a projeção passou de 7,8% para 8,3%, refletindo maior produção esperada de milho e algodão e abate de bovinos este ano e já considerando os impactos das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e a mitigação desses impactos com o Plano Brasil Soberano.
( da redação com Bloomberg Linea e Fazenda. Edição: Política Real)