CRISE NO BANCO CENTRAL DOS EUA: Donald Trump anunciou demissão de diretora do FED, Lisa Cook, mas ela afirmou que vai contestar na Justiça; FED disse que acata o que a Justiça decidir
"Não vou renunciar. Continuarei a cumprir minhas obrigações para ajudar a economia americana, como tenho feito desde 2022", acrescentou.
Publicado em
(Brasília-DF, 25/08/2025) Nessa segunda-feira, 25, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que demitiria imediatamente Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed) — em uma grande escalada em sua batalha contra o banco central americano.
Em resposta, o advogado de Cook anunciou nesta terça-feira ,26, que a funcionária vai abrir um processo na Justiça contra a ordem de Trump, anunciada na rede social do republicano.
"O presidente Trump não tem autoridade para remover a diretora do Federal Reserve, Lisa Cook", disse o advogado Abbe David Lowell.
Trump argumentou que haveria "motivos suficientes" para acreditar que Cook deu informações falsas em um contrato imobiliário pessoal e citou poderes constitucionais que, segundo ele, permitiriam ao presidente demiti-la.
Antes de anunciar o processo contra a decisão de Trump, Cook já havia afirmado que Trump não tem autoridade para demiti-la e que ela não renunciaria.
"O presidente Trump alegou ter me demitido 'por justa causa' quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo", disse Cook em um comunicado.
"Não vou renunciar. Continuarei a cumprir minhas obrigações para ajudar a economia americana, como tenho feito desde 2022", acrescentou.
A demissão de um membro da cúpula do banco central dos EUA pelo presidente é uma ação sem precedentes nos EUA e ocorre em um momento em que Trump vem pressionando cada vez mais o Fed — especialmente seu presidente, Jerome Powell — pelo que ele considera uma relutância em reduzir as taxas de juros.
Cook é um dos sete membros do Conselho de Governadores do Fed e, neste cargo, integra o comitê de 12 membros responsável por definir as taxas de juros nos EUA.
Ela votou, juntamente com Powell e a maioria dos membros do comitê, pela manutenção das taxas de juros americanas na última reunião do Fed, no final de julho.
Ela foi nomeada pelo antecessor de Trump, o democrata Joe Biden, em 2022, e é a primeira mulher negra a ocupar o cargo.
Cook disse à BBC na semana passada que soube das acusações pela imprensa e que o caso está relacionado a um pedido de hipoteca feito por ela quatro anos atrás, antes de ingressar no banco central.
"Não tenho intenção de ser intimidada a deixar meu cargo por causa de algumas questões levantadas em um tuíte", afirmou, acrescentando que está "reunindo informações corretas para responder a quaisquer perguntas legítimas e apresentar os fatos".
Nesta terça-feira, o Fed se pronunciou sobre o caso em nota.
"O Congresso, por meio da Lei do Federal Reserve, determina que os diretores exerçam mandatos longos e fixos e possam ser destituídos pelo presidente apenas 'por justa causa'", afirmou o banco.
"Mandatos longos e proteções contra a destituição de servem como uma salvaguarda vital, garantindo que as decisões de política monetária sejam baseadas em dados, análises econômicas e nos interesses de longo prazo do povo americano."
Sobre o processo judicial planejado por Cook contra Trump, o banco afirmou que ""acatará qualquer decisão judicial".
(da redação com informações da BBC. Edição: Política Real)