31 de julho de 2025
TARIFAÇO

Fernando Haddad diz que o plano de contenção para os efeitos do tarifaço está pronto e que o empresariado deve procurar a oposição para que eles deixem de atrapalhar o Brasil

“ Governadores têm que começar a defender os interesses dos seus estados.", disse.

Por Política Real
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Fernando Haddad fala em coletiva Foto: imagem de streaming

(Brasília-DF, 05/08/2025). Na manhã desta quarta-feira, 06, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu uma entrevista à porta do Ministério da Fazenda. Ele disse que o plano de contenção para atender setores econômicos está pronto.

Ele disse, comentando recente entrevista do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro(PL-SP), que informou que vai continuar atuando contra os interesses do empresariado – que os governadores e os empresários deveriam procurar a família Bolsonaro.

Haddad disse que isso é fundamental para não se continuar prejudicando o país.

“ Governadores têm que começar a defender os interesses dos seus estados.

Passar a mão no telefone, ligar para a oposição, pedir para parar de atrapalhar o país. É o único país do mundo que tem uma força política interna em Washington trabalhando contra o interesse nacional. Tem algum indiano fazendo isso? Tem algum chinês fazendo isso? Tem algum russo fazendo isso? Tem algum europeu fazendo isso? Não.”, disse.

Veja a íntegra da conversa de Haddad com os jornalistas:

Jornalistas: Houve conversas dentro do governo sobre o pacote de ajuda, apoio aos empresários afetados pelo Tarifaço. O Tarifaço está valendo. O que você tem a dizer para os empresários?

A notícia, anúncios sobre o que vem por aí saem hoje, ministro?

Fernando Haddad: Saem hoje aqui da Fazenda, onde nós tivemos uma última reunião com o presidente para detalhar o plano.

Tem um relatório que vai chegar do MEDIC na Casa Civil sobre a situação empresa por empresa, um detalhamento que o presidente pediu, mas o ato em si não depende desse detalhamento porque é um ato mais genérico, só na regulamentação e aplicação da lei é que nós vamos ter que fazer uma análise mais setorial e CNPJ a CNPJ. Então, nós vamos ter um plano muito detalhado para começar a atender, sobretudo, aqueles que são pequenos e não têm alternativas à exportação para os Estados Unidos, que é a preocupação maior do presidente, pequeno produtor. Eu confesso preocupação com a ação da família Bolsonaro nos Estados Unidos.

Hoje tem uma entrevista muito forte da família Bolsonaro, do Eduardo, ameaçando agora o Congresso Nacional e dizendo que o empresariado brasileiro do agro não está em contato com ele, pedindo um arrefecimento das tensões entre os dois países, que seria o mais adequado, o pessoal ligado a eles trabalhem junto conosco para distensionar as relações e tratar o que é política na política e o que é economia na economia. Essa mistura é que está atrapalhando, atrapalhando muito.

Eu tenho uma reunião marcada semana que vem, agora com data e hora já fixada com o secretário Scott Bessing.

Jornalista: Quando?

Fernando Haddad:  Vai ser na quarta-feira, já recebemos o e-mail confirmando de hora, oficializando o interesse em conversar.

Jornalistas: Remota, certo? Oi? Remota?

Fernando Haddad: Remota. Obviamente que, a depender da qualidade da conversa, ela pode se desdobrar em uma reunião de trabalho presencial, aí com os ânimos já orientados no sentido de um entendimento entre os dois países, que nós repetimos há um relacionamento de 200 anos, que não faz o menor sentido nós estarmos vivendo nesse momento.

A questão da política tem que ser tratada na esfera da política, o Poder Judicial tem independência, o Congresso tem independência, isso não está em pauta aqui no Brasil. O Poder Executivo, governo do presidente Lula, vai agir no sentido de garantir a soberania nacional e garantir a aplicação da lei, da legislação brasileira pertinente ao caso.

Nós queremos abrir a negociação, superar esse desentendimento provocado pela extrema direita brasileira e normalizar as relações.

Até 10% eu estava achando inadequado para o caso da América do Sul. Falei isso para o secretário Bessing em maio desse ano, porque a América do Sul é deficitária em relação aos Estados Unidos.

Uma outra coisa que é importante é que nós somos um bloco econômico, o Brasil não pode ser tratado diferentemente do Paraguai, do Uruguai, da Argentina, da Bolívia, é um bloco econômico, assim como a União Europeia é um bloco econômico e está sendo tratada de uma forma isonômica, embora a própria Europa considere também injusta a aplicação de tarifas aos seus produtos.

Então, nós temos que normalizar as relações com informação e com bons argumentos. E separar essa discussão política, que há todo um direito democrático da pessoa protestar contra o que quer que seja, isso não tem nada a ver com o Executivo Federal Brasileiro.

O Executivo Federal Brasileiro está zelando pelo interesse nacional e nós mais uma vez reiteramos o pedido de União Nacional para defender os interesses nacionais.

Isso tem que envolver os governadores de oposição, porque aqui não se trata mais de situação de oposição, os Estados estão sendo afetados.

Então, os governadores que têm proximidade com a extrema direita, eles têm que fazer valer as prerrogativas do seu mandato, não é fingir que não tem nada acontecendo, se esconder embaixo da cama e desaparecer. Não dá para ser assim.

Um governador tem mandato, ele foi eleito pelo povo, tem que defender os interesses do seu Estado. O mesmo vale para o empresariado. Está falando conosco? Muito bem-vindos todos, nós vamos receber todos o quanto for necessário.

Mas é preciso também fazer gestão junto à oposição para acabar com essa história. Vamos tratar a economia no âmbito econômico e vamos discutir a política, não tem problema. O nosso país é um dos países mais democráticos do mundo.

O Brasil dá aula de democracia hoje. Então, não tem cabimento esse tipo de hostilidade contra o país.

Jornalistas: Ministro, uma dúvida sobre o pacote em si, o que eu queria entender é o seguinte, o senhor hoje tem reuniões de afinamento, mas são ordens executivas, são projetos de lei, essas ordens vão ser publicadas em decreto pelo presidente Lula, como é que é essa composição?

Porque a gente está num momento bastante delicado em relação ao Congresso Nacional.

E qual é a data do anúncio formal, com coletivas, sai hoje?

Fernando Haddad:  O anúncio formal não cabe a mim anunciar, isso cabe ao Palácio do Planalto. O presidente vai fazendo, o texto sai daqui hoje, está pronto. Ontem nós procuramos entender a encomenda do presidente em relação ao detalhamento.

Nós dissemos para ele que a questão empresa por empresa não precisa evidentemente ser tratada em lei, ela pode ser objeto de regulamentação, mas provavelmente o ato do presidente, ele vai julgar conveniente, mas possivelmente terá que ser uma medida provisória para entrar em vigor imediatamente.

Jornalista:  Ministro, e a concessão de crédito para as empresas mais impactadas pelo Tarifas e o aumento das contas governamentais estão previstos no plano?

Fernando Haddad:  Estão previstos no plano, está bem!

Jornalistas:  A próxima reunião vai ser daqui a uma semana, daqui para lá o que o empresariado pode esperar disso?

Fernando Haddad: A proteção do... Primeiro, o empresariado tem que agir também em relação à oposição. A oposição está atrapalhando o país, e não sou eu que estou dizendo, é a oposição que está dizendo.

Eles estão dizendo que vão atrapalhar o país, eles estão anunciando isso. Tem uma entrevista no jornal de um líder da oposição, da extrema direita brasileira, dizendo que vai fazer o possível para continuar atrapalhando o país. Se isso não é a notícia do dia, fica difícil entender para onde nós vamos.

Ou o país se une para defender a causa nacional e separar o que é economia do que é política. Discussão política sobre democracia e direitos humanos nos interessa. Nós somos o país campeão de debate democrático no mundo.

Nós defendemos os direitos humanos, sobretudo o presidente Lula, em todos os âmbitos, em todas as esferas, em todos os fóruns internacionais. É da essência do nosso DNA. A luta pela redemocratização do Brasil é a essência do nosso DNA.

A nossa crítica a qualquer tipo de autoritarismo é da essência do nosso DNA. Então nós estamos na arena que nós gostamos. Agora, discutir isso no âmbito correto, estamos de acordo, mas não podemos prejudicar o trabalhador brasileiro, as empresas brasileiras, porque existe uma força extremista no Brasil agindo contra o interesse nacional.

Então o empresariado, além de vir para Brasília, tem que conversar com a oposição. Tem que passar a mão no telefone e ligar para a turma que quer ver o circo pegar fogo e parar com isso. Estamos prejudicando o país pelo quê? Em nome do quê nós estamos fazendo isso? Governadores têm que começar a defender os interesses dos seus estados.

Passar a mão no telefone, ligar para a oposição, pedir para parar de atrapalhar o país. É o único país do mundo que tem uma força política interna em Washington trabalhando contra o interesse nacional. Tem algum indiano fazendo isso? Tem algum chinês fazendo isso? Tem algum russo fazendo isso? Tem algum europeu fazendo isso? Não.

Então nós podemos botar o dedo nessa ferida de uma vez por todas. O governo vai fazer a parte dele. Isso eu posso te garantir.

Mas é preciso ação coordenada das forças nacionais. Estou falando do empresariado, estou falando dos governadores, estou falando de todos. Para inibir o crime de Lesa Pátria que está sendo cometido diariamente nos jornais.

Isso aqui não é fake news. É a pessoa que está dizendo o que está fazendo. Contrariando os interesses nacionais.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Política Real)