Imprensa de Israel informa que Benjamin Netanyahu, deve propor a ocupação total da Faixa de Gaza
Cerca de 90% dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados, muitos deles várias vezes, e vivem em condições precárias e superlotadas
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Com agências
(Brasília-DF, 05/08/2025) Veiculos da imprensa israelense informaram hoje, 05, que primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deve propor a ocupação total da Faixa de Gaza em reunião com seu gabinete de segurança.
"A sorte está lançada. Vamos conquistar totalmente a Faixa de Gaza – e derrotar o Hamas", disse um alto funcionário, citado por jornalistas locais.
Diante de relatos de que o chefe do Exército e outros líderes militares se opõem ao plano, a autoridade não identificada disse: "Se isso não funcionar para o chefe do alto comando, ele deve renunciar".
Famílias de reféns temem que esse tipo de plano coloque em risco seus entes queridos. Das 50 pessoas ainda mantidas como reféns em Gaza, acredita-se que 20 estejam vivas. Pesquisas de opinião indicam que três em cada quatro israelenses preferem um acordo de cessar-fogo que permita o retorno dos sequestrados.
Muitos dos principais aliados de Israel também devem condenar a medida, em um momento em que pressionam pelo fim da guerra e por ações que aliviem a crise humanitária no território.
Em Israel, centenas de autoridades de segurança israelenses aposentadas, incluindo antigos chefes de agências de inteligência, divulgaram nesta segunda-feira ,4, uma carta conjunta ao presidente dos EUA, Donald Trump, pedindo que pressione Netanyahu a acabar com a guerra
Um dos signatários, o ex-chefe da agência de inteligência Ami Ayalon, disse à BBC que uma nova ofensiva militar seria inútil.
"Do ponto de vista militar, o [Hamas] está totalmente destruído. Por outro lado, como ideologia, está ganhando cada vez mais força entre os palestinos, nas ruas árabes ao nosso redor e também no mundo islâmico."
"Portanto, a única maneira de derrotar a ideologia do Hamas é apresentar um futuro melhor."
Os últimos acontecimentos ocorrem após o fracasso de negociações indiretas com o Hamas por um cessar-fogo e a libertação dos reféns.
Grupos armados palestinos divulgaram três vídeos com dois reféns israelenses visivelmente debilitados e desnutridos. As imagens de Rom Blaslavski e Evyatar David, ambos sequestrados no festival Nova em 7 de outubro de 2023, chocaram e indignaram os israelenses. Em uma das cenas, David é mostrado cavando o que ele diz ser sua própria cova em um túnel subterrâneo.
Há especulações de que os últimos anúncios da mídia israelense sejam uma tática de pressão para tentar forçar o Hamas a um novo acordo.
O Exército israelense afirma já ter controle operacional de 75% da Faixa de Gaza. Mas, segundo o novo plano, o território inteiro passaria a ser ocupado — avançando para áreas onde hoje estão concentrados mais de dois milhões de palestinos.
Não está claro o que isso significaria para os civis e para o funcionamento de agências da ONU e outras organizações de ajuda humanitária.
Cerca de 90% dos 2,1 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados, muitos deles várias vezes, e vivem em condições precárias e superlotadas. Grupos humanitários e autoridades da ONU afirmam que parte da população está em situação de fome e acusam Israel de impedir a distribuição de ajuda essencial.
As Forças Armadas israelenses já haviam se mantido afastadas de algumas áreas, incluindo partes do centro de Gaza, devido à suposição de que havia reféns vivos ali. No ano passado, seis reféns israelenses foram executados por seus captores após a entrada de tropas terrestres.
Não houve uma resposta formal, mas autoridades da Autoridade Palestina, que governa partes da Cisjordânia ocupada, denunciaram a proposta israelense e pediram à comunidade internacional que intervenha para impedir qualquer nova ocupação militar.
Palestinos apontam que ministros israelenses de extrema-direita têm defendido abertamente a ocupação e anexação total de Gaza e, em última análise, querem construir novos assentamentos judaicos no território.
Em 2005, Israel desmantelou assentamentos na Faixa de Gaza e retirou suas tropas. Mas, ao lado do Egito, manteve um controle rígido sobre o acesso ao território.
( da redação com agências. Edição: Política Real)