ANÁLISE: Moraes, o “malvado favorito” digital: STF vira alvo estratégico da direita nas redes
Como se constrói um antagonista?
Publicado em
Por Alek Maracajá
Especialista em Big Data e fundador da Ativaweb
Em meio ao embate entre Lula e Bolsonaro, uma figura se destaca digitalmente — não por engajar, mas por ser transformada em antagonista. O ministro Alexandre de Moraes e o STF tornaram-se, nos últimos dias, *o principal alvo simbólico das postagens e conteúdos produzidos por influenciadores e páginas da direita*. A análise da Ativaweb revela: a crítica institucional virou estratégia narrativa digital.
“Na lógica da polarização digital, todo herói precisa de um vilão e o STF foi escalado sem pedir.”
A escalada dos ataques
A Ativaweb mapeou mais de *2,3 milhões de menções indiretas ao ministro Alexandre de Moraes* nas redes brasileiras, especialmente concentradas no X e em grupos de Facebook.
Dessas menções:
• *71% foram classificadas como negativas*
• *24% irônicas ou de tom pejorativo*
• Apenas *5% neutras ou informativas*
As expressões mais recorrentes associadas ao ministro foram: ditador digital, censura, autoritário, silenciador e ameaça à democracia. A crítica ao STF se expandiu como um *marcador de identidade nos discursos bolsonaristas*, servindo como ponto de unificação entre diversas páginas e influenciadores.
Como se constrói um antagonista?
A viralização do ministro Alexandre de Moraes nas redes não ocorre de forma orgânica, mas *a partir de uma estrutura articulada de repetição e enquadramento narrativo.* A Ativaweb identificou:
• Recortes de falas antigas em novos contextos
• Memes que ridicularizam decisões jurídicas
• Conteúdos que comparam o STF a regimes de exceção
• Hashtags orquestradas como #censuranao, #moraesditador e #liberdadedeexpressao
“O STF virou trending topic não por suas ações, mas por sua função simbólica no imaginário digital da oposição.”
Esse processo é alimentado por perfis com alto volume de seguidores e engajamento, que atuam como catalisadores da crítica mantendo o nome de Moraes permanentemente em circulação.
O efeito colateral: engajamento interno, rejeição externa
Apesar do alto volume de críticas, o estudo mostra que esse tipo de conteúdo *gera muito engajamento, mas dentro de um circuito fechado. Ou seja: os ataques ao STF mobilizam emocionalmente quem já está convencido — mas têm **baixo poder de conversão ou expansão.*
“Atacar o STF gera barulho, mas não necessariamente adesão. É mais gasolina para a bolha do que ponte para novos públicos.” — Alek Maracajá
O STF e Alexandre de Moraes tornaram-se peças centrais no xadrez da comunicação política digital. Mais do que alvo, são utilizados como gatilhos de mobilização. Porém, ao contrário do que parece, esse tipo de mobilização *não expande o alcance político apenas reforça a identidade da base.*
“No digital, a escolha do inimigo revela mais sobre a estratégia do que sobre o conflito em si.”
A gestão da imagem institucional, portanto, passa a ser também uma batalha narrativa. E no campo digital, quem não comunica é comunicado por outros.