Presidentes lançam compromisso com a democracia e defenderam uma “transparência algorítima”; Lula não falou palavras contra Donald Trump
Veja a íntegra da fala de Lula no evento organizado em Santiago e a íntegra do documento conjuntos dos presidentes
( Publicada originalmente às 16h 38 do dia 21/07/2025)
(Brasília-DF, 22/07/2025) O presidente do Chile, Gabriel Boric reuniu hoje, 21, no Palácio La Moneda, em Santiago do Chile os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe do Governo da Espanha, Pedro Sanchez, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro e o presidente do Uruguai, Yamadu Orsi, num encontro da alto nível, como foi divulgado para defender a democracia, “Democracia Siempre”. Não houve fala de Lula contra Donald Trump
“Agradeço a presença dos Presidentes @LulaOficial , @SanchezCastejon , @PetroGustavo e @OrsiYamandu nesta reunião, que reafirma o compromisso das nossas nações com o aprofundamento da democracia, para torná-la mais aberta e próxima dos povos.
No histórico Salão Montt Varas de La Moneda, compartilhamos nossas visões e discutimos propostas nas quais trabalhamos em conjunto com nossas equipes para estabelecer um roteiro comum que fortaleça a democracia, o multilateralismo e o respeito irrestrito aos direitos humanos, sempre.”, disse nas redes sociais.
Depois do encontro, os líderes divulgaram uma declaração conjunta com compromissos e consensos em defesa da democracia. O documento, publicado pelo Itamaraty, destaca ações prioritárias e premissas que consideram essenciais, como:
» A promoção de um multilateralismo inclusivo e participativo
» A reforma do sistema de governança global
» O fortalecimento de uma diplomacia democrática ativa, baseada na cooperação entre Estados que compartilham os valores da democracia, da justiça social, dos direitos humanos e da soberania
» Reafirmar o compromisso com a paz, o respeito ao direito internacional e a direitos humanitários
A partir desses conceitos, foram definidas uma série de iniciativas
» Comprometimento em criar uma rede de países e sociedade civil para impulsionar mecanismos participativos, visando uma democracia mais aberta e inclusiva.
» Apoio à formação de uma rede global de think tanks para gerar análises e fomentar debates baseados em dados, buscando propostas em defesa da democracia.
» Colaboração internacional para garantir a transparência algorítmica e na gestão de dados, promovendo uma governança digital democrática.
» Reforço à iniciativa da ONU e UNESCO para a integridade da informação sobre as mudanças climáticas.
» Acompanhamento do Compromisso de Sevilha para fortalecer o financiamento para o desenvolvimento.
» Apoio à criação de uma coalizão para promover uma tributação progressiva e justa, além de fortalecer a cooperação fiscal internacional com base na transparência e equidade.
» Promoção de um observatório multilateral de juventudes contra o extremismo, liderado pela Organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ), para gerar dados e desenvolver políticas inclusivas.
Veja a íntegra da fala de Lula no evento:
Este encontro no Palácio de La Moneda, ao lado dos presidentes Boric, Pedro Sanchez, Petro e Yamandu, tem uma simbologia especial.
Aqui a democracia chilena sofreu um dos atentados mais sangrentos da história da América Latina.
Nossos países conhecem de perto os horrores de ditaduras que mataram, perseguiram e torturaram.
O caminho para a reconquista da democracia e da liberdade foi longo.
Democracias não se constroem da noite para o dia.
Zelar pelos interesses coletivos é uma tarefa permanente.
Vivenciamos uma nova ofensiva anti-democrática.
Para reagir a esse movimento, Espanha e Brasil promoveram um encontro à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro do ano passado.
De lá para cá, a situação no mundo se agravou.
O quadro que enfrentamos exige ações concretas e urgentes.
A reunião de hoje, organizada pelo presidente Boric, é um passo nessa direção.
A democracia liberal não foi capaz de responder aos anseios e necessidades contemporâneas.
Cumprir o ritual eleitoral a cada 4 ou 5 anos não é mais suficiente.
O sistema político e os partidos caíram em descrédito.
Por essa razão, conversamos sobre o fortalecimento das instituições democráticas e do multilateralismo em face dos sucessivos ataques que vêm sofrendo.
Concordamos sobre a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação, para devolver ao estado a capacidade de proteger seus cidadãos.
A chave para um debate público livre e plural é a transparência de dados e uma governança digital global.
Liberdade de expressão não se confunde com autorização para incitar a violência, difundir o ódio, cometer crimes e atacar o Estado Democrático de Direito.
Reconhecemos a urgência de lutar contra todas as formas de desigualdade.
Não há justiça em um sistema que amplia benefícios para o grande capital e corta direitos sociais.
O salário médio global de um presidente de multinacional é 56 vezes maior que o de um trabalhador.
Políticas de austeridade obrigam o mundo em desenvolvimento a conviver com o intolerável: 733 milhões de pessoas passam fome todos os dias.
A Aliança contra a Fome e a Pobreza lançada pela presidência brasileira do G20, no ano passado, busca superar definitivamente esse flagelo.
A justiça tributária é outro passo para recolocar a economia a serviço do povo.
Os super-ricos precisam arcar com a sua parte nesse esforço.
Só o combate às desigualdades sociais, de raça e de gênero pode resgatar a coesão e a legitimidade das democracias.
A crise ambiental introduz novas formas de exclusão, com impactos desproporcionais para os setores mais vulneráveis.
Sem um novo modelo de desenvolvimento, a democracia seguirá ameaçada por aqueles que colocam seus interesses econômicos acima dos da sociedade e da pátria.
Este encontro também foi um momento de reflexão sobre o estado da integração regional e do mundo.
A América Latina e o Caribe são uma força positiva na promoção da paz, no diálogo e no reforço do multilateralismo.
Com a Espanha e a Europa compartilhamos uma longa história e laços econômicos e sociais.
Somos duas regiões incontornáveis na ordem multipolar nascente.
Enfrentamos desafios semelhantes no enfrentamento da discriminação racial, da xenofobia e da mudança do clima.
Também nos une a promoção e proteção dos direitos humanos.
Neste momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos.
A defesa da democracia não cabe somente aos governos.
Requer participação ativa da academia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado.
Logo mais, participaremos de diálogo para aproximar nossa Iniciativa dos movimentos sociais, das ONGs, dos sindicatos, da academia e dos estudantes.
Esta caminhada continuará em setembro, com outro evento em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU, envolvendo mais países latino-americanos, europeus, africanos e asiáticos.
Muito obrigado.
Veja a declaração conjunta dos chefes de Governo e Estado:
Tras la Reunión de Alto Nivel “Democracia Siempre”, realizada en Santiago de Chile el 21 de julio de 2025, los Jefes de Estado y de Gobierno aquí reunidos reafirmamos nuestro compromiso con la defensa de la democracia, el multilateralismo y el trabajo conjunto para abordar las causas profundas y estructurales que socavan nuestras instituciones democráticas, sus valores y legitimidad.
Somos plenamente conscientes de que el mundo atraviesa un período de profunda incertidumbre, en el que los valores democráticos son desafiados de forma permanente. Frente a ello, creemos que es un imperativo ético y político impulsar una estrategia común para enfrentar fenómenos globales como la creciente desigualdad, la desinformación, los desafíos que plantean las tecnologías digitales y la inteligencia artificial.
Este encuentro ha sido una oportunidad clave para dar continuidad a la primera reunión de la iniciativa “En defensa de la Democracia: luchando contra el extremismo” organizada en el marco del 79° período de sesiones de la Asamblea General de las Naciones Unidas, consolidando este espacio de reflexión y acción frente a los desafíos contemporáneos de nuestras democracias.
Reconociendo que estos desafíos son multidimensionales, interconectados y complejos, los Jefes de Estado y de Gobierno presentes en Santiago reiteramos la necesidad de:
● Promover un multilateralismo renovado, más eficaz, incluyente y participativo, respetuoso de los principios del Derecho Internacional y de la incorporación efectiva de la ciudadanía en la toma de decisiones.
● Impulsar una reforma del sistema de gobernanza internacional, particularmente de las Naciones Unidas, que permita recuperar su capacidad de acción y legitimidad frente a los grandes retos globales. Esto implica avanzar hacia una representación más justa y eficaz, superar bloqueos derivados del uso del veto y establecer mecanismos reales de cumplimiento y rendición de cuentas.
● Fortalecer una diplomacia democrática activa, basada en la cooperación entre Estados que comparten los valores de la democracia, la justicia social, la soberanía de los Estados y los derechos humanos, como respuesta al deterioro institucional y al avance de proyectos autoritarios, regresivos y excluyentes.
● Proyectar una narrativa alternativa al retroceso democrático, con reformas centradas en la equidad y la integridad informativa; a favor del respeto irrestricto a la equidad de género, contra el racismo y por la diversidad étnica; con herramientas que permitan fortalecer la seguridad pública y ciudadana y hacer frente a los discursos de odio, la desinformación y la intolerancia.
● Asumir un compromiso férreo con la razón. Podemos tener diferentes visiones del mundo pero no se pueden falsear los hechos. Consideramos necesario para la buena política que esta resuelva los problemas de nuestros pueblos y que se promueva un diálogo de buena fe, que busque siempre la mejor versión del argumento de nuestros interlocutores.
● Reafirmar nuestro compromiso decidido con la paz, el respeto del derecho internacional y del derecho internacional humanitario. Hacemos una llamada urgente a un alto el fuego en Gaza y exigimos el acceso pleno, seguro y sin restricciones de ayuda humanitaria a la Franja, conforme a los principios del derecho humanitario, y bajo la coordinación de Naciones Unidas.
Como miembros de esta nueva iniciativa, subrayamos la urgencia de articular respuestas conjuntas, innovadoras y concretas que fortalezcan la resiliencia democrática a nivel global. Los desafíos del presente requieren de liderazgo, audacia y acción coordinada.
Durante la reunión de Santiago, Brasil, Chile, Colombia, España y Uruguay hemos trabajado propuestas en torno a tres temas centrales: defensa de la democracia y del multilateralismo, desinformación y tecnologías digitales, y extremismos y desigualdad, proponiendo líneas de acción concretas. Esto representa un avance sustantivo respecto al proceso iniciado en 2024 y un paso firme hacia una cooperación efectiva.
Entre las iniciativas acordadas, destacamos:
● El compromiso con la consolidación de una red de países y sociedad civil para impulsar mecanismos participativos que favorezcan el aprendizaje mutuo y la construcción colectiva de una democracia más abierta, inclusiva y conectada con las realidades ciudadanas.
● Apoyar el establecimiento de una red global de centros de pensamiento que generen análisis riguroso, fomenten un debate basado en datos y contribuyan a la búsqueda de propuestas en defensa de la democracia.
● La colaboración internacional para la transparencia algorítmica y de gestión de datos en el entorno digital y la cooperación técnica para una gobernanza digital democrática.
● El refuerzo a la Iniciativa Global de las Naciones Unidas y de la UNESCO para la Integridad de la Información sobre el Cambio Climático.
● El seguimiento del Compromiso de Sevilla como un paso constructivo para el fortalecimiento de la financiación para el desarrollo.
● El apoyo a la iniciativa de conformar una coalición que promueva y facilite el establecimiento de una fiscalidad progresiva y justa, así como fortalecer la cooperación fiscal internacional basada en los principios de transparencia, equidad y soberanía.
● La promoción de un Observatorio Multilateral de Juventudes frente al Extremismo, con el liderazgo de la Organización Iberoamericana de Juventud (OIJ), para generar datos, intercambiar buenas prácticas y diseñar políticas inclusivas desde una mirada interseccional y participativa.
Asimismo, hemos trazado una hoja de ruta hacia el próximo hito de esta iniciativa: la celebración de la II reunión en el marco del 80° período de sesiones de la Asamblea General de las Naciones Unidas en septiembre. Esta hoja de ruta representa un paso concreto hacia la construcción de una agenda compartida, sostenida en el tiempo y articulada en defensa de la democracia y frente al extremismo.
Esperamos que este proceso convoque a más países y actores, comprometidos con sentar las bases de un espacio permanente de articulación de esta iniciativa global en defensa de la democracia, los derechos humanos y la justicia social.
Sabemos que esta tarea no recae exclusivamente en los Estados. Es imprescindible la participación activa de la academia, los parlamentos, la sociedad civil, los medios de comunicación y el sector privado. En ese sentido, valoramos profundamente las iniciativas que desde la sociedad civil y los centros de pensamiento se han estado desarrollando durante estos días en Santiago, los que han permitido contribuir a la reflexión e intercambio. Sólo trabajando juntos podremos revitalizar nuestras democracias desde una perspectiva colectiva.
Por último, agradecemos el enorme esfuerzo realizado por Chile y su Gobierno, que ha sido huésped de esta reunión de alto nivel y nos ha permitido trabajar en conjunto sobre temáticas tan relevantes para el mundo actual.
( da redação com informações de assessoria e redes sociais. Edição: Política Real)