A mulheres estão engrenando na subida da montanha!?
O feminicídio não é coisa de mulher pobre, mas atinge todas as mulheres
(Brasília-DF) Estamos no Mês da Mulher! No 8 de março se celebra o Dia Internacional da Mulher. Como se todo os dias não fossem delas, mas as Nações Unidas vieram com essa e não vamos rasgar o calendário só para não reclamarmos com essa obviedade.
Brasília, a Capital do Brasil, tem muito de ser a capital da Mulher! Explico: como há anos o serviço público paga o mesmo para todos os sexos, a capital do poder também por ser a Capital do Serviço Público coloca as mulheres em pé de igualdade ao homem. É comum em Brasília, e em todo o Distrito Federal, vermos mulheres liderando economicamente as famílias. Não porque sejam mães solteiras, mas simplesmente porque ganham mais que seus companheiros. Aqui, mulher pode ganhar mais que o homem e seu companheiro não será chamado de gigolô, como se observa no Brasil profundo, com seu sexismo e machismo.
Pois em Brasília, Capital da Mulher(?!), foram registrados, neste início de ano, 8 feminicídios, o dobro do mesmo período de 2022.
O feminicídio não é coisa de mulher pobre, mas atinge todas as mulheres. A morte da jovem médica e presidente da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte(CE),Yanne Brena, a chamada Capital do Cariri de todo a região do Nordeste, que envolve o Ceará e a Paraíba - qual foi encontrada ao lado do namorado, também morto, Rickson Pinto, é uma prova inconteste da democratização do mal.
As lideranças femininas falam em machodonismo e de misoginia. A ultra direita combate o feminismo. Dentro desta lógica surgiu no mundo o movimento “Red Pill”, que em seu manual, muito forte em redes sociais, usa frases como "seja firme, fale com tom de voz grave, trate-a como uma menina, exerça uma autoridade protetora e comande" ou "toda vez que você abre informações que não deveria para uma mulher, ela poderá identificar suas fraquezas e jogar sujo contra você".
O Red Pill não se serve da ultra direita para se colocar contra o feminismo - ele alega que o homem deve ter o dever de liderar. Não dá para negar o caráter ultra conservador dessa tendência. Eles falam menos de política, mas de “Guias de Masculinidade”
Na verdade, a ultra direita sabe que as mulheres, com sua postura libertadora e construtora, carregaram nas costas todas as minorias, sejam quais elas forem. Os pretos, indígenas, hipossuficientes(especiais), assim como a comunidade LBGTQI+( tomara que não tenha esquecido ninguém).
Estamos lidando com a nova mulher do Século 21, mas que ainda enfrenta desafios do Século 20. A mulher de hoje não quer só ter poucos filhos, muitas não querem ter e não desejam só ter renda para mandar na sua vida, elas querem chegar, efetivamente, no topo da cadeia alimentar. A riqueza migrou da cultura do petróleo para a cultura da tecnologia e as coloca em posição privilegiada. As mulheres querem agora dominar as ciências exatas, que são a porta de entrada das novas tecnologias.
Com o enfraquecimento momentâneo dos ultra conservadoras, as mulheres tendem a engrenar bem na subida da montanha, mas nada garante que a crise da masculinidade não seja um argumento para freia-las.
As mulheres tem muitos desafios paralelos nessa empreitada, mas continuam carregando nas costas os desafios das outras minorias.
A caminhada das mulheres frente as suas buscas pós-modernas talvez seja um dos maiores desafios de nosso tempo. A humanidade sabe onde residem a maioria de seus problemas na busca pela felicidade, mas não parece saber nem o rumo sobre como ela ficará após as mulheres chegarem ao topo.
O homem saindo das cavernas, no princípio, lidou bem com o matriarcado, apontam estudos, mas como seria o matriarcado ao final do século 21 onde a inteligência artificial irá fazer o inimaginável?
Isso é política, isso é poder!
Por Genésio Araújo Jr. Jornalista
e-mail: [email protected]