Abril, a mentira que poderá virar verdade!
Os grandes troféus do bolsonarismo em 2018 não estão de todo perdidos, com destaque no Sul do Brasil
(Brasília-DF) O mês da mentira deve ser uma provocação para se entender algumas verdades. O presidente Jair Bolsonaro começa o mês de abril bem, pois a terceira via enfrenta problemas, que devem lhe dar mais pontos nas próximas pesquisas.
A partir daí é bom começar a aproveitar para fazer algumas reflexões, enquanto se espera o lançamento da pré-campanha de Lula, a inflação arrefecer e a guerra no Leste Europeu se encerrar.
O presidente Jair Bolsonaro, em 2018, teve vitórias marcantes no Norte e no Sul do Pais. No Acre, ele teve 77% dos votos válidos e em Santa Catarina ele teve 76% dos votos. Seus recordes!
Costumo dizer que as regiões do Brasil explicam o nosso país na relação com o Estado. O Norte diz para o Brasil: “não me abandone preciso de você”. O Nordeste diz, mais enfático: “Nunca me largue, não vivo sem você”. O Sudeste diz assim para o Brasil: “Venha aqui, mas só quando eu te chamar!”. O Centro-Oeste fala ao Brasil: “Dê-me o que necessito e vá embora”. O Sul, diz ao Brasil: “Não me atrapalhe”.
Enfim, a surpreendente vitória de Bolsonaro no Acre e em quase todo o Norte muito se deu, pois a sociedade daquela região, em meio a crise do default dos anos Dilma, viu a centro-esquerda cuidando melhor da floresta do que do homem. Veio a hora da vingança.
Santa Catarina, talvez o estado mais bolsonarista do país, é um exemplo nacional. Das 10 cidades com maior IDH no Brasil três estão lá, As 7 regiões do Estado funcionam como dedos de uma mesma mão(!) que trabalham em sinergia pelo desenvolvimento. É de longe o melhor estado para administrar na relação com os agentes econômicos. O Estado tem um longo período sendo governado por gestores centristas e comprometidos com a democracia, que o diga os tempos do membro dos autênticos do MDB, Luiz Henrique. Enfim, não é um povo sincronizado com as teses excludentes do bolsonarismo. Até parece, hoje em dia, mas não é!
Tudo indica que Bolsonaro não deverá ter a vitória do passado no Norte do Brasil. No Acre, os bolsonaristas que venceram em 2018 estão associados a corrupção. No Amazonas e no Pará a centro-esquerda dá sinais claros de recuperação. Em Santa Catarina, a centro-esquerda atraiu gente, mas a tendência é que dois ou três candidatos conservadores e um bolsonarista disputem os votos. Apesar disso, tudo indica que Bolsonaro continuará muito bem votado no Estado.
Os grandes troféus do bolsonarismo em 2018 não estão de todo perdidos, com destaque no Sul do Brasil. Isso dá mais força à tese de que ele, dificilmente, ficará fora do segundo turno. Lembrando minhas especulações sobre como o Brasil é visto por cada uma das regiões do país é, também, uma grande provocação à centro-esquerda.
Se no Norte todo mundo virou Zé com a associação com a corrupção, o Governo não faz as entregas necessárias e ainda tirou o investimento estrangeiro na região, no Sul o buraco é mais embaixo. A tese da esquerda de “amparar as pessoas, cuidar de gente” não é suficiente. Mexe com o modelo de desenvolvimento onde o Estado é mobilizador e não motor. Nisso a esquerda precisa se reinventar.
Mês de abril, um tempo de pensar o que se precisa enfrentar mais adiante, enquanto algumas coisas se resolvem. Cada um com seus desafios!
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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