31 de julho de 2025
Brasil e Justiça

Lava Jato volta realizar operação tendo como alvo advogados acusados de desviar recursos do “Sistema ‘S’”; OAB chama iniciativa de atentado à democracia

Um dos alvos da operação, Cristiano Zanin que advoga para Lula disse ser vítima de “retaliação” e de “abuso de autoridade”; Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro e também um dos alvos ainda não se manifestou

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( Publicada originalmente às 12h 07 do dia 09/09/2020) 

(Brasília-DF, 10/09/2.020) A operação Lava Jato voltou a realizar na manhã desta quarta-feira, 9, uma nova operação de busca e apreensão de documentos em que desta vez o alvo das investigações do Ministério Público Federal (MPF) foram vários advogados acusados de desviar recursos do sistema que reúne o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e Serviço Social do Comércio (Sesc), conhecido como “Sistema ‘S’”.

Em resposta, a comissão nacional de defesa das prerrogativas e a procuradoria nacional do conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) chamou a iniciativa do MPF, realizada em conjunto com a Política Federal e Receita Federal, autorizada pelo juiz federal da sétima vara do Tribunal Regional Federal (TRF) do Rio de Janeiro (RJ), de atentado à democracia. Um dos alvos da operação, Cristiano Zanin que advoga para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que ser vítima de “retaliação” e de “abuso de autoridade”. Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro e também um dos alvos da operação batizada de “E$quema S”, ainda não se manifestou.

Outros advogados que tiveram seus endereços vasculhados pela operação Lava Jato nesta quarta-feira, 09, foram Eduardo Martins e Ana Teresa Basílio que representam o governador fluminense afastado, Wilson Witzel (PSC). Segundo eles, as “suposições” levantadas pelo MPF “não têm conexão com a realidade”. Ao todo 11 advogados são denunciados por pertencerem supostamente a uma “organização criminosa” que teriam desviado R$ 151 milhões, entre 2.012 e 2.018, do referido esquema no sistema “S”.

Juiz Marcelo Bretas 

“O processo de criminalização da advocacia, que desrespeita as prerrogativas, é ditatorial e atenta contra o Estado de Direito e à Democracia. Não há estado democrático sem uma advocacia livre. A comissão nacional de defesa das prerrogativas e valorização da advocacia e a procuradoria nacional de prerrogativas [dos advogados] cumprirão o seu papel histórico e não transigirão na defesa dos advogados e das advogadas brasileiras”, diz a nota emitida pelo conselho federal da OAB.

“O juiz Marcelo Bretas é notoriamente vinculado ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A situação fala por si só”, comentou Cristiano Zanin em longa nota que denuncia ter sido vítima de uma “clara iniciativa de intimidação”.

(por Humberto Azevedo, especial para a Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)