31 de julho de 2025
OPINIÃO

Resta saber o que virá!

A decisão do PMDB foi característica de um partido que, como um transatlântico, não pode e não consegue fazer manobras muito rápidas mesmo que para escapar de um iceberg.

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(Brasília-DF) O PMDB realizou sua Convenção Nacional nesse último sábado, 12 de março.  Véspera do domingo de manifestações contra o Governo Federal e contra o PT, Lula e Dilma.

O partido reconduziu o Vice Presidente da República, Michel Temer, por mais um mandato à frente do maior partido brasileiro.  Temer foi tratado como Presidente da República.

Na sexta-feira,11, durante o jantar que o partido realizava para receber os convencionais de todo o Brasil já se sabia que, depois de muitas negociações, o partido iria receber todas as moções de seus filiados, e grupos, porém, em 30 dias, o Diretório Nacional iria se reunir para decidir por suas convalidações. No sábado, foram encaminhadas 13 moções. A maioria delas defendiam o afastamento do Governo Federal, muitas a independência e outras o afastamento efetivo com entrega de cargos e defesa do Impeachment.  Foi aprovada uma única, a que determinava que nenhum filiado do partido poderia assumir cargo no Governo Federal pelos próximos 30 dias.

A decisão do PMDB foi característica de um partido que, como um transatlântico, não pode e não consegue fazer manobras muito rápidas mesmo que para escapar de um iceberg. Não quero dizer que o PMDB seja um Titanic.  O partido dos profissionais, como se diz em Brasília, não tem aptidão para suicídio político. A decisão é de uma pragmatismo sem medidas.  Atende o grupo que tem cautelas, e ainda dá fôlego ao Governo Federal, e aos “radicais” oposicionistas. Explico: o processo do Impeachment na Câmara terá 15 sessões. Dez de defesa pro Governo e outras tantas regimentais. Isso seria o tempo político que muitos dão para o processo de impedimento surgir como uma vaga contra o Senado. Ou ,simplesmente, o processo morrer, cada vez mais improvável.

Os senadores do PMDB, com apoio de outros tantos, defendem que o Supremo Tribunal Federal convalide pedido que permita que o Congresso Nacional possa colocar para funcionar uma nova alternativa constitucional por um certo tipo de parlamentarismo-presidencialista. Enfim, o PMDB arma não só contra o governo petista em frangalhos, como a ânsia tucana que busca projeto para o País.

Enfim, estão sendo montadas operações tanto que garantam o Impeachment como um  alternativa no sistema de governo.  Na quinta-feira,10, a Presidenta Dilma Rousseff, ao lado do seu efetivo parceiro político, Aloízio Mercadante, convocou uma entrevista maluca para rebater a nota da jornalista Mônica Bérgamo, da “Folha de S.Paulo”, que dizia que ela, Dilma, estaria resignada com a possibilidade do Impeachment.  Como se sabe, a Presidenta não domina os signos da política e da semiologia.  Foi um desastre. Ela trouxe a questão da renúncia para dentro do Planalto; cacofônica destruiu o que pretendia dizer, que seria dura na queda.

O ex-Presidente Lula, de pronto, é um craque na lida com as massas, porém se virar ministro em meio a esses 30 dias de agonia terá que administrar um Legislativo e Judiciário que não estão aptos a serem aprisionadas por suas conhecidas habilidades. O PT lulista e seus apoiadores mais fiéis não estão mortos, existem conquistas sociais, dos bons tempos, que não são jogadas na lata do lixo apesar do esforço que a Presidenta Dilma fez para tanto.

Lamento dizer que o segundo Governo Dilma acabou. Resta saber o que virá!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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