ESPECIAL DE FIM DE SEMANA – Em livros, congressistas apelam pela preservação do rio São Francisco e alertam para colapso hídrico
No Senado e na Câmara, a transposição das águas, a e revitalização do rio e a preservação de seus afluentes são motivo de debate e preocupação
(Brasília-DF, 11/03/2016) A preocupação com o rio São Francisco, no Congresso Nacional, vai além da transposição de suas águas para quatros estados do Nordeste que vivem um histórico de seca e prolongamento de estiagem, e na eminencia de um colapso hídrico: Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Passa, também pela revitalização deste que é um mais importantes manancial do País e pela preservação de seus inúmeros afluentes, desde às suas nascentes, em Minas Gerais.
Essa preocupação – em forma de alerta e apelo público ao governo por uma atenção maior e celeridade das obras - é visível nos debates feitos nos Plenários do Senado Federal e na Câmara dos Deputados, ou mesmo nos seminários realizados fora do Parlamento. E está presidente também em várias publicações dos congressistas.
“O Velho Chico é Potigar”
Um dos livros que serve com norte para o debate é “O Velho Chico é Potigar”, que traz estudos e palestras apresentados no Seminário do “Transposição do Rio São Francisco com Ênfase no Ramal Setentrional Apodi-Mossoró”, idealizado pelo deputado Beto Rosado (PP-RN), com apoio de organismo do governo federal e do Rio Grande do Norte. O livro é organizado por pesquisadores da Universidade do Estado Rio Grande do Norte (UERN) e da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), como Isaura Amélia, Eugênia Correia, Tricia Maia e Dione Caldas. Trás, ainda, artigos assinados pelos professores Paulo César, Luís César e Francismar Medeiros, Rodrigo Guimarães, Sueli Leal e Ramiro Camacho.
O seminário aconteceu na cidade de Mossoró (RN) no dia 29 de maio de 2015 e contou com a participação do ministro da Integração, Gilberto Occhi. O livro, contudo, foi lançado no dia 11 de dezembro, na Pinacoteca Potiguar, em Natal.
A publicação aborda a caracterização, o contexto geoambiental e socioeconômico da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi-Mossoró, além do papel de seu comitê gestor na transposição das águas do São Francisco. O livro traz ainda uma análise das garantias hídricas a partir da transposição e um diagnóstico das águas.
Situação está insustentável
“O Rio Grande do Norte tem quase nove bilhões de metros cúbicos de capacidade hídrica, volume ainda insuficiente, é pouco. Porém, com o avanço de quatro anos de seca a situação está insustentável”, diz o deputado Beto Rosado, num trecho do livro. Ele alerta que “na região do Seridó, os reservatório de gargalheira, em Acari, e Itans, em Caicó, chegam aos últimos 10% de suas reservas. Estão na eminência de um colapso hídrico. Em um horizonte de dois meses, esgotam-se os reservatórios. A barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Açu, possui apenas 27% de água, e a Barragem de Santa Cruz, , em Apodi, conta com 30% de suas reservas.”
Transposição, a saída
Para Rosado “esse cenário será diferente com a transposição, abastecendo nossas reservas”. Otimista, afirma que “essa é a visão de futuro que tenho da nossa região. A Transposição do rio São Francisco é uma solução estruturante que garante segurança para os agricultores e desenvolvimento do Nordeste.”
“Para nós, potigares, as Bacias do Piranhas-Açu e do Apodi-Mossoró, integradas às transposição respondem às súplicas históricas e inquietações das famílias e da produção”, completa o parlamentar.
“Salve o Velho Chico”
No senado Federal, a transposição do rio São Francisco e sua preservação vem sido debatido em comissões externas e no Plenário.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) lançou ano passado o livro “Salve o Velho Chico”. Uma publicação mais ilustrativa, que textual ou de pesquisa. O senador baiano faz denúncias e alertas através de várias fotografias e mapas. Fala do “Caminho das Águas”, depois da “briga pela água”, “a morte do velho Chico” e por fim sugere que se adote três medias “para salvar o Velho Chico”. A primeira delas é salve as nascentes
Nascentes e margens
“Procure adotar uma nascente mais perto de sua casa ou da escola, organize um grupo que irá cuidar daquela nascente, faça um projeto “eu salvo as nascente do Velho Chico’, faça palestra e dias de visita de campo, fotos da nascente, o plantio de espécies nativas e o cercamento da nascente”, sugere o senador.
As outras três sugestões do parlamentar baiano são: salve as margens – “procure adotar um trecho de rio ou córrego perto de sua casa ou da escola em que as margens já não existem” -; e salve as águas – “procure adotar um local com água poluída mais perto da sua casa ou da escola e organize um grupo para cuidar daquela água”, diz a publicação.
(Por Gil Maranhão – Especial para Agência Política Real. Edição: Genésio Jr.)