Os idos de março!
Moro e os membros do Ministério Público, nesse final de semana - face a reação e os naturais desdobramentos políticos, deram esclarecimentos sobre as medidas judiciais tomadas.
(Brasília-DF) Se a semana tivesse terminado na quinta-feira, 3 de março, já seria um avalanche. Não podemos esquecer que o vazamento da delação premiada do senador Delcídio Amaral(PT-MS) reforça a tese de um crime de responsabilidade da Presidenta da República, Dilma Rousseff.
Para não se bastar houve a sexta-feira, 4 de março. Dia em que um ex-Presidente da República, talvez o mais popular da nossa história recente, foi conduzido coercitivamente para depois na 24ª fase da Operação Lava Jato conduzida pela 13ª Vara Federal em Curitiba(PR) comandada pelo juiz Sérgio Moro a pedido do Ministério Público Federal ,também lá sediado.
Moro e os membros do Ministério Público, nesse final de semana - face a reação e os naturais desdobramentos políticos, deram esclarecimentos sobre as medidas judiciais tomadas. Esses esclarecimentos são republicanos e podem ser vistos como reconhecimento do peso na mão ou de que eles estão confiantes de que podem ir, irão além.
Não dá para negar que a fala do ex-Presidente Lula logo após prestar 3 horas de esclarecimentos à Polícia Federal, no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, foi impactante. Os críticos ressaltaram os equívocos frasais, a postura de desatenção à Justiça, o deboche e o fato dele não ter dados as devidas respostas. Os apoiadores destacaram a coragem, a vontade de enfrentar desafios, relembrar o sucesso de um homem comum que conseguiu construir grandiosidades.
A vida pública brasileira se incendiou justamente nos idos de março. Era previsível que o final do primeiro trimestre seria muito duro para o atual governo. Era esperado que os índices econômicos alertassem para um ano mais difícil do que se esperava. No história do Ocidente, desde Roma, o mês de março é trágico. No Brasil, a história nos revela o mês de agosto como mais cruel, que em tese seria o meio do terceiro trimestre, um período de recuperação da atividade econômica. Política e economia estão cada vez mais entrelaçadas no Brasil desde a chegada da estabilidade econômica, no meio dos anos 90.
A antecipação da sucessão da Presidenta Dilma Rousseff anunciada pelo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores(PT), Rui Falcão, num vídeo nesse último final de semana logo após a difícil primeira semana de março, às vésperas de uma manifestação marcada pelas oposições em associação aos movimentos antagonistas ao PT e ao Planalto com a possibilidade real de enfrentamento entre os chamados dois lados cria uma condição especial para a nossa República.
As principais lideranças nordestinas à exceção dos governadores petistas e alguns poucos têm evitado posicionamentos. O PSB parece querer sair do muro. O PMDB está calado. Os médios partidos, muitos atingidos pela Lava Jato, estão paralisados. A possibilidade real, também, das ações de Sérgio Moro e MP influenciar o Supremo Tribunal a tomar posições sobre os muitos casos de políticos que têm foro privilegiado, surge palpitante. Existe muita gente que respeita Lula, como a Rede e o Psol.
Neste março não teremos imperadores esfaqueados no mármore de um Senado, no entanto poderemos ter gente esfaqueda nas ruas.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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