Nordeste e Câmara

ESPECIAL DE FIM DE SEMANA: "Não adianta fechar os olhos, tampar os ouvidos, porque somos iguais e temos direitos iguais", defende a militante LGBT, Larissa Moraes

Em entrevista à Politica Real, a baiana fala sobre a importância de representantes da comunidade LGBT na política para lutar por mais direitos constitucionais, por políticas de cidadania

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(Brasília-DF, 05/03/2016) "Não adianta fechar os olhos, tampar os ouvidos, porque somos iguais e temos direitos iguais. Ninguém quer mais aqui, só quer amar livremente como todos fazem diariamente e ter nossos direitos atendidos." O pensamento forte é da militante do movimento Gays Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Tansexuais e Transgêneros (LGBT), pertencente ao PMDB da Bahia, Larissa Moraes. Para ela, o movimento LGBT urge de representantes em todas as esferas da política para lutar por mais direitos constitucionais, por políticas sociais e melhores condições quanto à Saúde e à Segurança em prol da comunidade LGBT. 

Articulada, com tom de voz doce, mas de quem sabe o que quer com determinação "arretada", valente no "nordestinês", a baiana Larissa Moraes entende que há uma carência de militantes do movimento atuando como vereadores, deputados estaduais e federais, senadores. Isso é fundamental para que o movimento tenha quem defenda os direitos e interesses desse grupo na sociedade e no âmbito da Constituição Federal.

A Bahia ganha espaço político no governo da presidenta Dilma Rousseff, com a ascensão de Jaques Wagner na função de chefe da Casa Civil e de outros baianos que vêm conquistando lugar ao sol, mais próximo ao centro do poder político. Larissa Moraes, vem chamando a atenção por ser militante LGBT na luta por conquistas por em entrevista exclusiva à Política Real. Ela conta como tem sido seu trabalho como militante também do PMDB baiano e quais as bandeiras tem empunhado pela comunidade LGBT.

LGBT e partido

Larissa Moraes destaca a importância do PMDB estar aliado ao prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto, ACM Neto, que, segundo ela, tem realizado um trabaais lho bastante favorável com elevada aprovação dos soteropolitanos.

Ela destacou que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) criou um núcleo LGBT, dentro do PMDB, inédito na legenda, que, para ela, inclusive, deveria ser criado pelos demais partidos políticos, não se restringindo apenas aos de oposição, como é mais comum.

O PMDB realiza convenção nesta semana e, para Larissa Moraes, é uma grande oportunidade para disseminiar dentro e fora do partido a importância da bandeira LGBT para a sociedade.

O que é LGBT

A sigla do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) foi instituída na 1ª Conferência Nacional GLBT realizada em Brasília no período de 5 e 8 de junho de 2008, segundo a enciclopédia virtual Wikipédia.

A alteração de GLBT para LGBT teve o intuito de valorizar as lésbicas no contexto da diversidade sexual, bem como chegar próximo ao termo utilizado internacionalmente.

Depois da Conferência Nacional LGBT, surgiu o Sistema Nacional LGBT, também o Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de LGBT, instituídos para o acompanhamento de ações que fomente o debate sobre as questões LGBT em vários espaços de governo, instituições de ensino e espaços da sociedade civil.

O movimento LGBT tem sofrido muitos ataques de parlamentares que ocupam espaços no Congresso Nacional, em defesa de um padrão normativo e heterossexual, sendo contra a implementação de políticas públicas para a população LGBT do Brasil.

 

Confira a entrevista com Larissa Moraes, abaixo:

 

A Bahia ganha grande destaque na política, nesses últimos meses, há diversos líderes partidários baianos, o chefe da Casa Civil do Governo Dilma Rousseff, Jaques Wagner. Então muitas atenções se voltam para a Bahia. O seu trabalho junto ao movimento LGBT chama a atenção também. Como estão os seus trabalhos no movimento LGBT dentro do PMDB da Bahia?

Para a Bahia, é excelente ter vários representantes, vindos da Bahia, estar ocupando cargos tão importantes na política, hoje. Apesar de a política estar um pouco desgastada, desacreditada, a gente está num clima meio quente em relação à política. Em Salvador, em si, a gente vive um cenário muito bacana com a nova prefeitura que está instalada. Realmente o prefeito ACM Neto tem um grande índice de aprovação mais de 80% da população, realmente ele está mudando o cenário. E a questão do PMDB estar caminhando junto como PMDB é muito importante para o movimento LGBT em Salvador.

Hoje, nós não temos representante à altura que brigue junto com a Constituição Federal, que traga políticas públicas, que realmente faça valer tudo o que a gente merece. Então é muito importante ter esse movimento cada vez mais fortalecido, ter um representante tanto na esfera de vereador, quanto deputado estadual, deputado federal. Para mim, é muito importante ter um representante do movimento LGBT em todas essas esferas. Então a gente está crescendo nesse sentido. Está fazendo ações de visibilidade, a gente está mostrando que o público LGBT existe, que está em todos os lugares. Não adiante fechar os olhos, tampar os ouvidos, porque somos iguais e temos direitos iguais. Ninguém quer mais aqui, só quer amar livremente como todos fazem diariamente e ter nossos direitos atendidos.

Existe uma demanda nessa questão de gênero que a cada momento a gente vê que tem dificuldade de avançar. Os partidos lutam a cada período eleitoral para conseguir atingir aquele quoeficiente mínimo de mulheres para formar a chapa. E, no caso do movimento LGBT, não está estabelecido em nenhuma legislação. Mas qual é a meta que você acha possível – históricamente, em torno de 10% da população mundial ou e LGBT ou é simpatizante – você acha que em algum momento na Bahia, poderá chegar a esse nível de no mínimo 10%dos que vão concorrer a um cargo público estar incluso nesses gêneros.

É uma luta, para mim teria muito representantes dessa bandeira. Para mim, quanto mais melhor. Quanto mais pessoas lutando para o bem da comunidade LGBT. Para mim é excelente. A questão da mulher é um pouco mais difícil. Você vê, até preencher o quoeficiente eleitoral exigido na política para se ter uma eleição é muito complicado de ter. O histórico da mulher é uma luta diariamente. E querendo ou não a gente ainda sofre muito preconceito por ser mulher. E ser uma mulher LGBT sofre muito mais preconceito ainda. Se você for agravar mais ainda, ser mulher LGBT, negra, da periferia aí gera um caos total. E o que a gente quer mudar, realmente, é esse cenário. A gente quer aumentar a participação de mulheres, sim, como em todas outras vertentes. A gente quer aumentar o número de participantes LGBT que lute por essa bandeira.

Porque há uma deficiência muito grande em todas as situações tanto na Saúde, quanto na Segurança, políticas públicas, um direito à cidade que o LGBT tem e que hoje você vem sendo tirado cada vez mais dos locais que o LGBT se reúne. Então você tem que lutar por todas essas vertentes que há uma carência imensa.

E o PMDB está acreditando nessa bandeira. Abraçou de uma forma muito bonita, muito forte, realmente, até para mudar um pouco mais a cara do partido, trazer um pouco mais de leveza para o partido. Então, isso é, realmente, muito importante. O deputado Lúcio Vieira Lima está fazendo um papel excelente, me traz aqui em Brasília. Amanhã a gente tem uma audiência com o ministro da Saúde para saber como é que andam essas políticas voltadas para a comunidade LGBT, se tem alguma proposta, realmente, mais concreta. Então, ele está me trazendo para a gente fazer um pouco mais de ligação entre a comunidade LGBT e os políticos que estão no poder. Isso é de suma importância para nós.

A semana que vem vai haver uma convenção do PMDB, que é o maior partido do Brasil. Como você vê e como está sendo articulado e qual a inserção da Bahia e nordestina no movimento LGBT do PMDB? Você naturalmente chama a atenção e, claro, por ser um estado importante do Nordeste, como você vê que pode avançar o movimento inserido no PMDB como um todo? Até porque nós vamos ter uma convenção nacional aí, não é?

Exatamente, eu acho que é importante essa convenção nacional porque já foi criado um núcleo estadual LGBT do PMDB, que não existe em outro local, foi criado na Bahia pelo deputado Lúcio Vieira Lima. E isso vai ter uma repercussão muito grande, porque, ativamente, a gente vem participar dessa convenção, a gente vem chamar a atenção de todos os políticos, todos parlamentares do PMDB para a importância de lutar por essa bandeira.

Então, a importância da Bahia é incrível, porque vem crescendo diariamente. E esse movimento tende a somar. A gente entende muito a questão de bandeiras da oposição lutando pelo LGBT, mas nunca vista no PMDB e em outros partidos. Eu espero, realmente, que os outros partidos abram esse leque, que façam núcleos LGBTs, porque não é concorrência é simplesmente uma soma. Quanto mais parlamentares exercendo esse poder, para mim, com certeza, vai ser muito melhor, a gente poder ter mais força para aprovar políticas públicas e exigir que os direitos sejam atingidos pela população LGBT.

Clique aqui para saber mais sobre o movimento LGBT.

(Por Genésio Araújo Jr. Edição: Maurício Nogueira)