Muitos nordestinos, quase nenhum sulista
Bem antes da definição de Estado Moderno, hoje já em frangalhos com a globalização, ele não podia mensurar a necessária profissionalização da política.
(Brasília-DF) Sou um apaixonado pela política. Ainda, confesso, acredito numa das máximas de Platão em “A República”, que cunha ser esta atividade humana a maior de todas e que deveria ser o estágio maior do desenvolvimento humano. Platão, com sua visão, de fato ideal e própria para a democracia grega, que impunha exclusões – avaliava que só se deveria ir para a política após um longo caminhar na vida privada. As pessoas tinham que dedicar a política o melhor de si. Bem antes da definição de Estado Moderno, hoje já em frangalhos com a globalização, ele não podia mensurar a necessária profissionalização da política.
Hoje, goste-se ou não, esta atividade é para profissionais. Muitos não gostam, mas o imbricado processo político, a necessidade de analisar as conjunturas internacionais, nacionais, regionais assim como se inserir às novas perspectivas contemporâneas difusas, de gênero e tecnológicas exigem muito mais que boa vontade.
Esta semana me assustei com algo que chamou muita atenção. Todas as atenções se voltaram, em Brasília, para a eleição do novo líder do PMDB na Câmara Federal. Tudo porque esse escolhido seria fundamental para tocar a vida dos interesses do Governo Federal e da principal ocupante do Palácio do Planalto. Até porque a pauta do Impeachment ainda não foi enterrada, apesar das declarações de alguns apoiadores governistas.
Em paralelo a isso, verificamos que dos 30 blocos e partidos representados na Câmara Federal 17 são comandados por nordestinos. Em alguns casos, líderes vindos do Nordeste se acumulam em partidos e blocos partidários, porém se nos reduzirmos a figura de líderes partidários são exatos 15 nordestinos. Enfim, a metade dos blocos e partidos.
Impressiona que desses 15, cinco são baianos. Não por acaso, o coordenador do Governo Federal, o ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, fez carreira política na Bahia. Poderemos ver, em breve, a política nacional contaminada pelas disputas baianas, como estamos vendo as disputas fluminenses e cariocas contaminando a política nacional. Vemos depois os maranhenses, pernambucano, alagoanos e cearenses ocupando mais postos de destaque. Não é novidade que os políticos nordestinos tenham relevância, mas nesta seção legislativa(ano de uma legislatura) está acima da média. É bom salientar que ainda não foram escolhidos os novos presidentes de Comissões da Câmara e esse poder ainda poderá ficar maior.
Por outro lado, os estados do Sul, onde o Índice de Desenvolvimento Humano(IDH) é o maior do país, não possuem políticos com grande relevância. O PPS, Partido Popular Socialista, tem o deputado Rubens Bueno(PR), porém o Estado de melhor desempenho do Brasil, Santa Catarina(SC) não tem nenhum nome de destaque faz anos. Com a morte de Luiz Henrique, o Estado parece um deserto político.
Se a política é a maior atividade humana, porque o Estado de melhor IDH, Santa Catarina, não tem políticos importantes, nacionalmente, e os estados do Nordeste, com os piores IDH’s do Brasil tem a maioria dos políticos importantes?! Os políticos não seriam os grandes vetores do desenvolvimento humano e por conseguinte econômico?!
São por essas e outras que adoro ver minhas poucas convicções serem testadas ao máximo!
Boa semana a todos.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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