Nordeste e Poder

ESPECIAL DE FIM DE SEMANA - Envolvidos em denúncias, presidentes da República, Câmara e Senado perderam autoridades, avalia Eliziane Gama

Parlamentar comenta a troca de partidos – do PPS para a Rede, e os passos da sua pré-candidatura à prefeitura da capital do Maranhão

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(Brasília-DF, 23/10/2015) O cargo de presidente no Brasil está em xeque-mate. Pelos menos o da presidente da República, Dilma Rousseff, da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ou seja, dois dos três poderes: o do Executivo e o do Legislativo.

Na análise da deputada federal Eliziane Gama (Rede-MA), todos perderam a autoridade. É desse tema – e também da sua mudança do Partido Popular Socialista (PPS) para a Rede Sustentabilidade (Rede), o partido de Marina Silva, que teve a concessão do seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 22 de setembro, e ainda da sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís (MA) – que a parlamentar discorre nesta entrevista exclusiva concedida ao jornalista Gil Maranhão, em Brasília, para a Agência de Notícias Política Real.

 

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Deputada, o seu partido, Rede Sustentabilidade, juntamente como o Psol, são os autores da Representação que foi entregue dia 13 deste mês, no Conselho de Ética da Câmara, contra o deputado Eduardo Cunha. Qual a sua opinião a respeito disto?

 

ELIZIANE GAMA - Eu acho que é o mínimo que nós podemos fazer. Nós temos as denúncias que constam contra o presidente da Casa. São sérias e graves. Nós temos as denúncias já com elementos apresentados, de contas na Suíça. Ele mentiu na CPI da Petrobras. Há denúncias apesentadas contra ele na Operação Lava Jato. Então, nós temos elementos suficientes para que houvesse essa representação e admitida pelo Conselho de Ética. Na verdade, é um colegiado, vamos aguardar o desdobramento e nós da Rede estávamos fazendo o nosso papel, assinando essa Representação.

 

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Há quem defenda que ele (Eduardo Cunha) seja afastado do cargo de presidente da Câmara por conta do agravamento da situação, devido às novas denúncias. A senhora pensa assim também?

 

ELIZIANE GAMA - Acho que ele perdeu a autoridade de comandar a Câmara. Acho que o mais ideal e adequado, neste momento seria de fato ele se afastar e esperar que esse processo viesse a continuar com a total isonomia por parte da Casa. Ele parece que não tem disposição de se afastar. Então, acho que tem que ser muito ágil o trabalho do Conselho de Ética.

 

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Esta semana foi protocolado na Câmara um novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma. Você acha que a situação dela ficou insuportável no Congresso?

 

ELIZIANE GAMA - Nós tivemos a unidade dos partidos de Oposição, que mais uma vez colocam o pedido de impeachment, inclusive incluindo desta vez as pedaladas fiscais praticadas este ano. O que acontece: nós estamos numa situação triste no Brasil. Nós temos uma Câmara Federal que é comandada por uma pessoa, que tem denúncias graves contra ela, e não tem autoridade para comandar a Casa. E temos uma presidente da República, que também perdeu a autoridade. Nós estamos vivendo uma crise econômica e uma crise política no Brasil.

 

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - ...Tem também o presidente do Senado, Renan Calheiros...

 

ELIZIANE GAMA - ...A mesma coisa acontece com o presidente do Senado, com denúncias por conta da Operação Lava Jato. Ou seja, a situação é triste no Brasil. O mais ideal neste momento era a gente fazer uma reformulação, trazer novos atores na política e tentar mudar o que nós estamos vivendo hoje no Brasil. A credibilidade da presidente hoje é extremamente questionada. Ela não tem autoridade de conduzir e fazer as reformas necessárias para voltar a colocar o País nos eixos. O Brasil, a cada dia, está sendo questionado e rebaixado pelos investidores internacionais e isso deixa o País numa situação mais vulnerável: o desemprego crescendo, a inflação batendo recorde. É algo que preocupa todo o povo brasileiro e o Congresso Nacional precisa estar atento a tudo isso. Eu vejo que é necessário abrir uma Comissão Especial nesta Casa para analisar o impeachment. E, a partir daí, cada deputado ter o direito de dizer sim ou não ao impeachment. É a resposta que o Congresso poderia dar, hoje, à população brasileira com relação a esse tema.

 

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Deputada, a senhora mudou recentemente de partido, do PPS para a Rede. Foi falta de apoio ou foi pensando no futuro político?

 

ELIZIANE GAMA - Não, o PPS me deu todo apoio que precisei e tenho a minha gratidão e respeito ao (deputado) Roberto Freire (presidente do partido) e ao (deputado) Rubens Bueno (líder da bancada da legenda na Câmara). São pessoas que tenho maior admiração, consideração e respeito. Acreditaram e confiaram em nós. Acontece é que nós já vínhamos construindo a Rede há um bom tempo, em 2009/2010. E esse debate, de eu me envolver na construção da Rede, se deu pela própria decisão do PPS de reformulação interna. Nós já tentamos algumas vezes fazer a fusão do PPS, agora mais recentemente com PSB. Tivemos outros momentos também, como a defesa dessa refundação partidária e foi por conta desse movimento, inclusive no próprio PPS, que eu encampei no meu estado a nova política da criação da Rede. Então, a Rede saiu e nós viemos para este partido para tentar demarcar espaço e construir esse momento aqui no Congresso Nacional. Mas tenho meu apreço e toda minha gratidão ao Partido Popular Socialista, que foi onde aconteceu a minha formação política. E isso é muito claro e transparente para mim.

 

AGÊNCIA POLÍTICA REAL - Essa mudança fortalece a sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís (MA)?

 

ELIZIANE GAMA - Nossa pré-candidatura em São Luís é muito centrada na construção de um programa de governo diferenciado, unindo vários partidos e várias frentes. A Rede é um partido que não tem veto a partido nenhum, porque nós sempre escolhemos os melhores para construir um Plano de Governo efetivo e amplo. A gente não tem focado numa sigla A ou B. O nosso foco é, acima de tudo, na construção de um Plano de Governo. Todas as siglas partidárias, que tem nos procurado para fazer parte desse programa, são bem-vindas, desde que acatando e atendendo o que nós pensamos, que é a transformação e construção de uma São Luís que seja, de fato, melhor para todos.

 

(Por Gil Maranhão – Especial para a Agência Política Real. Edição: Genésio Jr.)