Precisamos de uma decisão!
A perda do investment grade na S&P, o crescimento da campanha do impeachment e o pedido da Polícia Federal para que se ouça o ex-Presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato foram golpes muito duros.
(Brasília-DF) A semana terminou com a sensação de que teremos dias ainda mais difíceis para o Governo Dilma.
A perda do investment grade na S&P, o crescimento da campanha do impeachment e o pedido da Polícia Federal para que se ouça o ex-Presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato foram golpes muito duros.
Os grandes empresários estão impressionados com a inação, ou incapacidade, do Governo para lidar com a situação. Durante toda a semana, os jornalistas mais experimentados que cobrem a Capital Federal viram que ficou claro que o Governo não sabia o que fazer. O relatório da S&P sobre o rebaixamento de nossa nota e a declaração do Ex-Presidente Lula deram aos agentes econômicos e sociais ainda mais incertezas. A proposta de Lei Orçamentária Anual para 2016 com déficit de R$ 30,5 bilhões, meio por cento do PIB, foi capital. Ao Lula dizer que o rebaixamento não tinha importância depois da conquista, e comemorações, do passado recente gerou uma profunda decepção. Os políticos podem e devem ser contraditórios, pois eles lidam com a capacidade de mobilizar as pessoas, fazê-las sonhas, mais que outros agentes sociais. Devemos criticá-los, mostrar-lhes os exageros, mas tal combinação foi terrível.
No final de semana, a Presidenta Dilma se reuniu com Ministros e os agentes, além governo , chegaram a conclusão que não há solução para tamanha crise sem mais tributos. O buraco é bem mais que os anunciados 30 bi. Para zerar o défict e cumprir mais um superávit de 0,7% do PIB, em 2016, precisaríamos de R$ 65 bilhões. O governo poderia reduzir os cortes, mas precisaria de algumas fontes que não fossem inflacionárias. Isso precisa de credibilidade coisa que a Presidenta Dilma não consegue apresentar.
Durante o final de semana era flagrante entre muita gente ligada ao Governo que Dilma precisava mudar o comando da Casa Civil. Antes, ainda na sexta-feira, 11, Dilma, em viagem ao Piauí, mandou o Planalto divulgar que o ministro Aloízio Mercadante ficaria. Tudo isso se dá pois a queda do investment grade na S&P foi apressada pela implicância de um orçamento com déficit, pois o Governo renunciou ao protagonismo fiscal.
Voltamos ao rito inicial. O Governo não sabe para onde vai. Ele tem que buscar uma caminho, ou do equilíbrio fiscal ou uma aposta pela manutenção do que feito até aqui.
Os programas sociais começam a ser vistos como parte de uma necessária revisão fiscal que envolve o pacto previdenciário nacional. Isso pode apavorar os que apoiaram os governos dos últimos 12 anos, porém também não é bem vista por todos o que tem uma visão desenvolvimentista, que vai além do petismo. Independe de qual caminho tomar, que não será fácil, não resta dúvida que as conquistas poderiam não estar vivendo essa encruzilhada se o ajuste tivesse sido feito logo em 2011/2012. O leite já foi derramado.
Dilma poderá se deixar tomar pelas dificuldades da semana, mas a falta de uma ação consistente, para um lado ou outro, será fundamental para o futuro de seu segundo mandato.
Não dá mais para esperar, tem que tomar uma decisão.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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