31 de julho de 2025
OPINIÃO

A força das elites

É impressionante que os movimentos sociais, as ruas, não estejam sendo decisivos neste momento da vida nacional de extremado acirramento de ânimos na vida pública.

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(Brasília-DF) Domingo foi dia de manifestação contra o Governo Federal e o PT. Revoltados ,ou não, eles participam de movimentos sociais. Na semana passada, chamou atenção a fala do presidente da Central Única dos Trabalhadores(CUT), tradicional entidade ligada ao Partido dos Trabalhadores, Vagner Freitas, dizendo que eles iriam pegar em armas para defender Dilma Rousseff e Lula frente a uma possibilidade de golpe.

É impressionante que os movimentos sociais, as ruas, não estejam sendo decisivos neste momento da vida nacional de extremado acirramento de ânimos na vida pública. Explico: a Presidenta Dilma Rousseff vive um inferno nesses seus quase oito meses de segundo mandato. Uma popularidade abaixo de dois dígitos. Isolada e vista sem autonomia nenhuma, reclusa a viver falando para um público que lhe é fiel, porém vem a ser o movimento das elites e não das ruas que lhe deverá conceder uma mínima sobrevivência, se ela, claro, não conseguir fazer mais bobagens!

Um acordo montado e avalizado por nordestinos, assim como a elite nacional, decidiu conceder a Presidenta Dilma Rousseff, e indiretamente a seu fiador Lula, uma sobrevida política ao perceber que o PSDB estava dividido sobre dar ao Vice Presidente Michel Temer o comando da “travessia”, ao tempo que viram que por não estar madura a necessidade de mudança de rota estavam convencidos que a iminente perda do chamado Grau de Investimento poderia levar o país a um período pior que os dois anos de recessão econômica que, inexoravelmente, teremos pela frente.

São as elites e não os movimentos sociais, sejam conservadores, hoje nítidos, ou os de esquerda, hoje mantido pelo poder oficial, que estão sendo decisivas.  A Presidente Dilma Rousseff e o ex-Presidente Lula se reaglutinaram depois de meses de afastamento.  Como as fraturas na popularidade dos dois são maiores abaixo do paralelo 20º é certo que vão se voltar para o Nordeste, onde existem três governo do PT, um do PC do B e outro do PSB que lhe são simpáticos.

Neste movimento das elites, Renan Calheiros, que conta com o apoio do primeiro time do PMDB, especialmente nordestinos como Eunício Oliveira, Romero Jucá, José Sarney e Henrique Alves – montou uma “Agenda Brasil” que vai de encontro tanto ao Ajuste Fiscal como aos Movimentos Sociais. Lula já elogiou a Agenda Brasil, mas vai tentar mobilizar as “massas” nordestinas que lhe são fiéis.  Fontes apontam que os grupos organizados no Nordeste, que tiveram grandes conquistas, estão desmobilizados e deprimidos. Não dá para dourar a pílula. Dilma mentiu para esse eleitorado, ilusões têm limite. 

As elites nordestinas não estão conectadas com as elites políticas do PMDB e nacionais. Ainda existe uma dissociação que deverá se ajustar pouco a pouco. Basta ver que as federações das indústrias nordestinas não tomaram o rumo da Fiesp e da Firjan. A elite financeira se associou as federações paulista e fluminense.

Para aqueles que acreditam mais na força do povo do que de suas elites este momento é duplamente frustrante.

Eis o mistério da fé

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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