Os nordestinos já veem o homem das sombras

(Brasília-DF)  Agosto está animado.  A segunda semana do mês começa sob a égide do PMDB.

É incrível  que o partido esteja tão mais importante em meio a crise que o aflige, face os efeitos da Operação Lava Jato, que ganhará, nos próximos dias, mais doses de imprevisibilidade com a iminente sequência de denúncias que deverá atingir em torno de 10 por cento do Congresso Nacional e, muito provavelmente, boa parte da elite parlamentar.

Nos últimos dias, as declarações do Vice Presidente Michel Temer, os encontros de tucanos com os poderosos do PMDB com assento no Congresso Nacional  e os seguidos movimentos da Câmara Federal aprovando medidas que colocam por terra o ajuste fiscal que é reconhecido por toda a sociedade como algo necessário e fundamental, deram a Michel Temer , e o PMDB que preside, uma importância que impressiona.

No final de semana, talvez face a essa nova dinâmica, os arrivistas de um novo Brasil que só avançará com o pleno exercício da democracia teimaram em divulgar mais boatos sobre o futuro da República.  Mesmo a Presidenta Dilma Rousseff avisando que está pronta e preparada para as pressões, sejam elas quais forem, fizeram circular uma carta renúncia. Antes disso se divulgou, sem receios, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria preso pela Operação Lava Jato, em breve. No Congresso Nacional, muitos já especulavam a data. Seria um dia simbólico para o País.  Pura boataria.

Michel Temer é de origem sírio libanesa.  Em São Paulo, essa gente é apelidada de turco. Em regiões do Nordeste, ora são chamados de galegos ora carcamanos.  A maioria dos sírios, libaneses, filhos do Impérío Otomano, que se estabeleceram no Brasil se transformaram em cristãos, ou cristãos maloquitas. Os nordestinos foram severamente influenciados pelos galegos. Estados inteiros como o Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba têm grandes e importantes grupos sociais compostos por filhos dessa gente. A primeira sinanoga da América Latina, os judeus, foi estabelecida em Recife, capital pernambucana.  Árabes e judeus sempre se entenderam no Brasil. O Brasil tem essa capacidade. Michel Temer é a cara desse jeito brasileiro de se fazer entender com suas várias etnias, multicultural.

Temer é presidente de uma PMDB que tem muitas lideranças regionais importantes. Ele é a cara desse PMDB.  Hábil, consegue há anos ser presidente de uma partido que tem gente que não o tolera. Só no PMDB isso é possível. Existem vários líderes no partido que sempre tiveram mais votos que ele, mas o suportam.  Agora, em meio a crise nacional Temer, o líder improvável  que não tinha votos para se reeleger deputado federal virou o homem que saiu das sombras, como disse o “New York Times”, enquanto a Presidenta Dilma vive o seu ocaso na relação política.  FHC quando se elegeu presidente da República não se reelegeria para o Congresso Nacional.

As lideranças nordestinas começam a vê-lo como uma efetiva saída. Será?!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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