Sem sinais à vista
O Congresso, na prática, não parou de gerar notícias difíceis para a quem quer que seja. O Presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha(PMDB-RJ), não saiu de Brasília e fez questão de se manifestar sobre tudo que lhe perguntassem.
(Brasília-DF) Como se esperava, estamos caminhando para a última semana de recesso parlamentar sem nenhum indicativo de que teremos um mês de agosto mais ameno do que manda a tradição política brasileira.
O Congresso, na prática, não parou de gerar notícias difíceis para a quem quer que seja. O Presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha(PMDB-RJ), não saiu de Brasília e fez questão de se manifestar sobre tudo que lhe perguntassem. O Presidente do Senado, Renan Calheiros(PMDB-AL), preferiu se fingir de morto. A forma como a Operação Lava Jato avança já não impressiona mais. Julgamentos e decisões são tomadas. A forma como se fez as denúncias sobre os gestores das grandes construtoras, Odebrecht e Andrade Gutierrez, foi considerada por muitos como midiática, mas não deixa de relevante por sua importância na conjuntura nacional.
Antever-se que haverá inexoráveis denúncias contra o núcleo político. A sonora maioria deles deverá se denunciada pelo procurador Rodrigo Janot. A forma como o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, se comportou a partir da postulação do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de que o juiz Sérgio Moro não poderia atuar em processo que lhe atinja, face ao foro privilegiado, ao tempo que se inicia processo contra o ex-Presidente Lula na Justiça Federal do Distrito Federal por possível favorecimento de empresas com recursos do BNDES, naturalmente se argumenta que o caldeirão político chegou a um ponto de fusão que exige um mínimo de ordem nessa confusão.
Imediatamente, houve sinalização de que poderia haver um encontro entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Articuladores próximos ao Planalto defenderam esse encontro. O vazamento da possibilidade dessa reunião, de per si, impediu que ela se confirmasse. Hoje, esse encontro seria bem visto tanto pelo Planalto como por grandes empresários e gestores. Apesar das manifestações, especialmente da parte de FHC, nada impede que tal ocorra a despeito das dificuldades rapidamente montadas por advogados do acirramento extremo. Falta deixar claro que a maioria do PMDB, que poderá funcionar como algum tipo de mobilizador, prefere, claramente, deixar que o acirramento chegue a um ponto que lhe pareça desejável.
Disse, na semana passada, por aqui, que as grandes lideranças nordestinas esperaram o desenrolar para caminhar para o rumo dos vencedores. A desmobilização montada pelo Governo Dilma Rousseff sobre uma ação concertada de desenvolvimento regional impede que esses políticos façam grandes apostas. A deterioração do patrimônio político do atual governo junto a maioria das camadas do poder nordestino é flagrante.
Surge evidente que o processo deletério do arranjo político se manterá num crescente. Alguns acreditam que virá o instante de composição, até o momento não há indícios que isso se dará de uma forma não traumática.
Boa semana a todos
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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