31 de julho de 2025
OPINIÃO

Me digam aí!

Os dois lados têm seus acertos e seus erros. Os petistas não têm o direito de dizer que seus pecados são iguais aos dos outros, os adversários, que não são só os tucanos, não têm direito de abreviar um governo simplesmente por ele ser medíocre ou simpátic

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(Brasília-DF) Interessante ver e observar, ouvir e escutar sobre a crise na Capital da República. Repeti os verbos, aparentemente sinônimos, pois está aí o detalhe que na condição de testemunhas da história enfrentamos neste momento delicado de nosso país.

Repetidamente, e isso é bem particular da Capital Federal, sou questionado por apaixonados dos dois lados. Os petistas e seus apoiadores mais apaixonados falam do golpismo, não raro desqualificam o que dizem sobre os erros do Governo mostrando que existia algo parecido noutros governos, não-petistas. Os mais ajuizados falam de um luto cívico nas conquistas das esquerdas. Tristes com o que vêm, o fim de uma época.

Os adversários exigem de nós uma indignação, querem a solidariedade da certeza de que estão certos. Questionam-nos sobre em que mês virá a queda do atual Governo, se haverá nova eleição ou se estabelecidas as condições para o impeachment?

Os dois lados têm seus acertos e seus erros. Os petistas não têm o direito de dizer que seus pecados são iguais aos dos outros, os adversários, que não são só os tucanos, não têm direito de abreviar um governo simplesmente por ele ser medíocre ou simpático com a corrupção.

Nós do Nordeste, que somos a elite da política nacional, estamos frente a frente com mais uma crise nacional.  Fomos marcantes na primeira crise da República, com o evento de Canudos, depois teve a morte de João Pessoa no final da primeira república, que veio com a Revolução de 30; Café Filho esteve na passagem de guarda para a vinda de Juscelino, os candangos que construíram Brasília, tivemos o primeiro e lúcido general do Golpe de 64, inauguramos o primeiro presidente eleito da Nova República, tivemos o nosso impechado, demos sustentação política robusta ao governo da estabilidade econômica e tivemos um dos nossos como o presidente mais popular depois de Getúlio e Juscelino.

Enfim, pelo que acabei de enumerar, dificilmente a elite nordestina deixará de ser decisiva para enfrentarmos mais uma crise política, econômica e ética. É complicado afirmarmos em que nível. Como no Executivo temos um grupo de gaúchos e paulistas, no Judiciário estamos sem nenhum, tudo caminha que seja via Congresso ou nos movimentos sociais. O Congresso está quase todo atingido pela Operação Lava Jato, considerada imprevisível, enquanto os movimentos sociais são bem mais próximos do atual Governo, apesar de extremamente insatisfeitos.

Vivemos dias terríveis. Nesse final de semana foi divulgada pesquisa Ibope-Estadão – inapropriada, acredito – apontando que o ex-presidente Lula só venceria hoje no Nordeste e entre os muitos pobres.

A bancada nordestina vive uma crise severa. A maioria dos nordestinos desaprovam o Governo Dilma, mas ainda vêm(?) Lula como referência, as capitais nordestinas tiveram os maiores índices inflacionários do final do semestre. No primeiro trimestre tiveram o pior desemprego e tendem a continuar no mesmo patamar, refinada a avaliação da PNAD contínua neste final de semestre. Em época de crise orçamentária, o Nordeste sofre mais pois precisa mais da força do Estado.

Se Dilma e seu Governo está encalacrado, os políticos nordestinos não têm vida fácil!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista.

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