Uma constatação e um parênteses
Em muitos momentos vimos os governadores funcionando como verdadeiros líderes partidários. Dificilmente veremos isso no futuro.
(Brasília-DF) Nesses primeiros dias de junho começamos a ver a estabilização de um processo se supremacia congressual. Mesmo passado o Ajuste Fiscal, não resta dúvida que os Senhores do Legislativo vão buscar alternativas para continuarem se fortalecendo pois o processo de encolhimento econômico do País não vai parar tão cedo. Mesmo com a repactuação nas ocupações políticas da máquina pública esse processo continuará, creiam.
Os governadores nordestinos apresentaram ao Congresso Nacional uma pauta dos interesses da região. O mais imediato é se evitar uma pauta bomba. Isso ficou mais consistente ao se defender, em coro, uma medida que proíba repassar obrigações sem as devidas dotações, a PEC 172 do deputado Mendonça Filho(DEM-PE). A falta de experiência da maioria dos novos governadores nordestinos no Congresso Nacional fez com que os Senhores do Parlamento – Renan Calheiros e Eduardo Cunha – se apropriassem da pauta dos governadores.
A tendência é que isso faça com que eles evitem que as bancadas dos governadores trabalhem contra eles. O normal com essa tocada é que as bancadas obedeçam mais às posturas colocadas por Calheiros e Cunha do que pelos governadores. Isso é mais um ponto que fortalece os Senhores do Parlamento.
Fala-se muito do fortalecimento do Congresso Nacional face ao Executivo Federal. Um Congresso que está ficando maior que o Palácio do Planalto. O que vemos agora é que o Congresso Nacional está ficando maior que os palácios estaduais. Em muitos momentos vimos os governadores funcionando como verdadeiros líderes partidários. Dificilmente veremos isso no futuro. É verdade que os novos governadores vão ter que remar muito. No passado tivemos governadores como Roseana Sarney, Cid Gomes, Jaques Wagner e Eduardo Campos. Alguns deles, como Campos, era presidente de partido e depois candidato à Presidência da República. Esses governadores chegaram a ser mais poderosos que alguns presidentes da Câmara Federal, e até do Senado, nos últimos 12 anos de petismo.
O momento é tão especial que o PSDB, o maior partido de Oposição está em polvorosa. Os tucanos também não sabem para onde vão. Nesse episódio da Lei de Responsabilidade das Estatais, que vai ser controlado por Calheiros e Cunha, ficou evidente.
Um parênteses. A reeleição de José Graziano para mais um mandato como diretor-geral da FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, é uma vitória não só da diplomacia brasileira, visto que é uma das poucas entidades ligadas às Nações Unidas(ONU) que manteve o prestígio nesses anos de enfraquecimento do multilateralismo visto desde meados da década passada com os Anos Bush –, mas do melhor dos anos do petismo. Os exitosos programas sociais que vivem uma saraivada de críticas liberais neste momento de baixa dos governos petistas.
O Mundo inteiro reconhece que em momentos de baixo crescimento e de aumento das desigualdades sociais a Sociedade e os Estados devem cuidar daqueles que vão sofrer com tudo isso. Os antipetistas confundem profunda antipatia com um projeto de poder com um atentado ao bom senso e razoabilidade. Não custa lembrar, aos mais exaltados, que, seja qual for o governo que vá tocar este País após Dilma Rousseff - programas sociais precisam ser mantidos. Esperamos que não sejam só mais para segurança alimentar, mas, sim, focados na educação e qualificação.
Boa semana a todos!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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