31 de julho de 2025
OPINIÃO

A certeza tucana

Na verdade, os mais experientes sabem que a onda anti-Dilma, anti-PT, não significa uma onda pró-PSDB. As origens do PSDB são a social-democracia, que na prática é a mesma do PT, apesar de seus antagonistas afiançarem que o PT é pelo comunismo e expropria

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(Brasília-DF) O PSDB está em crise pois suas principais lideranças não reconhecem que existam condições para se levar adiante um pedido de impeachment da Presidenta Dilma. Muitos deputados do partido, e de outras agremiações que fazem oposição ao PT, particularmente, mais que ao Governo Federal - entendem que existem condições para tal. Os tucanos mais jovens e sem compromisso com as origens partidárias, exigem o retorno ao poder e vestem a carapuça udenista.

Nessa sexta-feira, estava programada a vinda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à Brasília para um evento com a inteligência partidária e alguns deputados tucanos.  Desde antes, tínhamos a informações de que o líder intelectual tucano, não viria a Capital Federal. No final, surgiu a informação de um mal-estar, ainda num aeroporto da Capital Paulista, que impediu que o octagenário senhor viesse à Brasília.  Durante a semana, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, fez questão de afirmar que não havia crise no PSDB por ele defender a possibilidade de um pedido de impedimento enquanto gente com FHC, Serra e Jereissati se negavam a chancelar a coisa, pelos menos agora.

Na verdade, os mais experientes sabem que a onda anti-Dilma, anti-PT, não significa uma onda pró-PSDB. As origens do PSDB são a social-democracia, que na prática é a mesma do PT, apesar de seus antagonistas afiançarem que o PT é pelo comunismo e expropriação. Coisa de ignóbeis. Não precisa ser doutor em Sociologia, Ciência Política e o que o valha, mas um mero sabedor de aritimética, para saber que o PT só chegou e se manteve no poder pois atraiu as camadas médias da sociedade, que não querem saber disso, mas de como anda o próprio umbigo.

A falência de Dilma no atual momento é a falência das políticas de centro-esquerda no País. Em momentos como esse, a sociedade brasileira caminha para a extrema-direita e o extremo conservadorismo. Os protagonistas da redução da maioridade penal são da periferia política, conservadores de uma sociedade fisiocrata são citados como candidatos à Presidência da República.

Dilma é inapetente para o ofício, um equívoco nacional, mas o seu insucesso pleno neste momento em que os centristas e direitistas tomam de conta, seria a falência de uma política que legou ao Planeta uma grande democracia de centro-esquerda que reduziu desigualdades e mostrou possibilidades nacionais. Quem construiu o real e as políticas sociais foram os social democratas e não os conservadores. O tempo do PT parece que passou, mas não um projeto de centro-esquerda. Os tucanos mais emplumados sabem disso.  Não é uma mera disputa entre grupos tucanos paulistas e mineiros, como os blogs petistas querem e se apressam em reduzir. 

A crise nacional chegou de vez ao Nordeste, neste final de abril, com a divulgação de que apesar do recuo nacional nas perdas de emprego, foi, na região em que nasceu o Brasil, onde mais perdas formais no emprego foram vistas. As grandes lideranças de centro no Nordeste, conhecidas pelo oportunismo, sentiram o sinal de alerta. Resta saber como isso se dará nas relações políticas nacionais, neste momento em que os tucanos refletem o futuro em meio a onda conservadora.

Muitas dúvidas e poucas certezas.

Por Genésio Araújo Jr

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