31 de julho de 2025
OPINIÃO

A improvável união Cunha-Júlio César

O coordenador da Bancada do Nordeste, o deputado Júlio César(PSD-PI), atendendo uma provocação do governador do Piauí, Wellington Dias, organizou o evento no principal auditório da Câmara Federal. A jogada foi inteligente.

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(Brasília-DF)  Na última semana a Bancada do Nordeste, um dos grupos parlamentares mais organizados do Congresso  Nacional, se reuniu com os governadores nordestinos. Foi um grande evento do Nordeste num momento em que o protagonismo da política brasileira se voltou para o Parlamento.

 

O coordenador da Bancada do Nordeste, o deputado Júlio César(PSD-PI), atendendo uma provocação do governador do Piauí, Wellington Dias, organizou o evento no principal auditório da Câmara Federal. A jogada foi inteligente. 

 

O governador do Piauí é o mais experiente na leva de governadores nordestinos e tem uma longa experiência nos parlamentos. Foi de vereador a senador e sabe que nada se resolve com voluntarismo. A Presidenta Dilma, que nunca foi nada, peca muito por não ter feito este caminho.

 

Dias vendo que o eixo de poder mudou, logo após o encontro em que os governadores nordestinos estiveram com Dilma para apresentar uma pauta e foram obrigados a engolir que não teriam nada enquanto o ajuste fiscal não fosse aprovado – imaginou que o ideal era fazer com que todos os poderes fossem confrontados com os interesses nordestinos, escolhidos pelo governadores recém eleitos e cheios da credibilidade inaugural. Os outros governadores compraram a ideia, de pronto.

 

Os governadores nordestinos ao levarem para o parlamento uma série de propostas consideradas prioritárias para o Nordeste, de uma forma institucional, vão obrigar que o Presidente da Câmara, especialmente, veja a pauta nordestina como importante e capaz de ser primordial.  Um dos principais argumentos dos governadores é o desenvolvimento e a governabilidade.

 

Cunha, o chefe de parlamento mais influente da temporada, pode até fazer senões à pauta de

governabilidade que os governadores querem tocar, mas terá muitas dificuldades de ser contra a pauta desenvolvimentista.  Wellington Dias vem recebendo apoios na sua estratagema. Os mais governistas, como Rui Costa, da Bahia, e os mais “independentes”, como Renan Filho, de Alagoas, e Paulo Câmara, de Pernambuco.  O até então motivado Ricardo Coutinho, da Paraíba, que entrou em rota de colisão com Cunha, saiu de cena para a coisa andar melhor. A pauta dos governadores ainda é só uma vontade.  O tempo dirá se será mais que uma cortina de fumaça criada pela habilidade do governador piauiense.

 

O coordenador da Bancada do Nordeste, Júlio César, muito respeitado pelos colegas por ser um colecionador de números esclarecedores e que ganha a cada momento uma condição de memória federativa, tem boa interlocução com Eduardo Cunha. Mesmo sendo do PSD, um dos partidos “inimigos” de Cunha e do PMDB, encontrou reentrâncias no “House of Cards”  do fluminense mais influente da política parlamentar brasileira depois de Carlos Lacerda. Júlio César tem a missão de levar à frente, no dia-a-dia parlamentar, esta interlocução dos governadores com os deputados e, até, com senadores.

 

Júlio César já prometeu aos novos deputados, e são muitos nessa legislatura, dar-lhes missões na coordenação da bancada.  Sabendo escolher deverá ganhar com isso.  Eduardo Cunha tem se notabilizado no seu “House of Cards” por aproveitar o poder dos jovens parlamentares em algumas missões.  Cunha e Júlio César podem montar uma parceria, antes improvável, numa bela articulação que poderá ajudar os interesses nordestinos. Agora é só esperar para ver!

 

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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