Nordeste perde protagonismo na crise
No final de semana, várias publicações destacaram que o senhor Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, passou a ser o grande valete da política brasileira.
(Brasília-DF) Desde janeiro, todas as semanas, em Brasília, têm sido intensas. A sétima que se inicia não será diferente.
No final de semana, várias publicações destacaram que o senhor Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, passou a ser o grande valete da política brasileira. Num castelo de cartas, ele seria desejado para todas as mãos. O PMDB é colocado como um tutor, tanto do governo como da oposição. Salienta-se que temos um Governo que se enfraquece, por outro lado. Fala-se em sarneyzição do governo Dilma, em um mal iniciado segundo momento.
Quanto ao Nordeste, não há que negar o estrondo que foi a ida do agora ex-ministro da Educação, Cid Gomes, à Câmara Federal para dar explicações sobre a acusação de que naquela Casa tinha de “400 a 300 achacadores”; num momento mais sibilino, o aval que a cúpula nordestina do PSB deu a chegada da ex-ministra da Cultura, senadora Marta Suplicy, uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores(PT).
Num momento de protagonismo aos improváveis, já dá para especular qual o protagonismo dos nordestinos neste início de segundo mandato da Presidenta Dilma.
O Nordeste que terminou 2014 como grande referência, por ser a região que ainda se mantinha em pé em meio ao início da crise, tinha garantido o segundo mandato da Presidenta Dilma e passou a ser olhada em suas experiências hídricas face a crise da água que atingia o Estado mais rico do país, São Paulo, assim como toda a região Sudeste, passado tão pouco tempo deste ano de 2015 - perde posições.
Nesse acirramento, e irritação generalizada, que marca os primeiros três meses de 2015, o Nordeste vive uma perda de protagonismo justo no momento em que a Presidenta Dilma Rousseff também reduz de tamanho. O Nordeste por ser a grande região, dinâmica, que mais precisa do Estado para continuar avançando é natural que isso ocorra, porém é necessário qualquer tipo de reação.
O ex-ministro Cid Gomes e o ministro da Defesa, Jaques Wagner – um cearense e um baiano - estavam projetados, quando iniciamos 2015, como nomes destinados ao protagonismo. Cid Gomes saiu do Governo atirando, e muitos disseram que ele caiu de pé, pois acusou um parlamento que é mal avaliado pela população – no jogo político nacional, a realidade é mais dura. Ele não terá condições de andar em Brasília, com desenvoltura, por no menos 2 anos. Está destinado a ser um político regional. Jaques Wagner, enquanto Aloízio Mercadante for homem de confiança da Presidenta Dilma, não vai poder crescer, ficará represado, não chega a ser nem um copo meio cheio, meio vazio.
Na oposição, os nordestinos também têm pouco a oferecer. O nome do momento na região, o prefeito de Salvador, ACM Neto, não quer marola. Em momento de ajuste fiscal e pouco crescimento da arrecadação não é hora de confrontos estéreis.
Num momento em que só 16% dos nordestinos aprovam o Governo, surge uma oportunidade para os oposicionistas começarem a montar uma articulação com a sociedade que vá além do oportunismo, conversar com os movimentos políticos que existem no semiárido nordestino e nas periferias urbanas, onde as críticas às conquistas dos governos petistas começam a ser colocadas à prova. Resta saber.
Por Genésio Araújo Jr.
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