31 de julho de 2025
OPINIÃO

O Governo agora não sabe pelo que torcer

O maior partido brasileiro, tido como um poder moderador na democracia brasileira e que sabe viver o poder pelo poder como poucos, está num momento especial em que tutela o governo e a oposição como há muito não fazia.

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(Brasília-DF) Nesta semana que se inicia, a Procuradoria Geral da República deverá encaminhar, muito provavelmente, todas as representações, sejam pedidos de abertura de inquéritos ou denúncias, contra os políticos envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal iniciada no ano passado, 2014.  Políticos do PT, PP e PMDB devem entrar, maciçamente, nesta lista. É mais que provável que políticos do PTB, PSB e PSDB também devam entrar na lista, além de alguma surpresa.

Alguns articuladores que apoiam as ações do Palácio do Planalto esperavam, desde o ano passado, que os cardeais contrários ao interesses da articulação planaltina tivessem grandes dificuldades com a Operação Lato. Torciam para que todos ficassem enlameados para que nada avançasse contra a chefe deles, a Presidenta Dilma. Isso, mais recentemente, ficou às claras quando o Partido dos Trabalhadores preferiu deixar de ser PT ao não partir para o ataque contra o senador José Agripino(RN), líder do Democratas no Senado além de ser o presidente nacional da sigla, logo após as primeiras notícias de que ele poderia estar envolvido numa rapinagem no Rio Grande do Norte, revelada pelo “Fantástico” da Rede Globo.  Não cobrar para não se cobrado.

Agora estamos de frente com outra cena. Vamos analisar os três partidos governistas que têm mais políticos citados na Operação Lava Jato.  O PT já está calejado com as denúncias duras que acabaram com sua imagem de partido puro. O PP é um partido de centro-direita plenamente adaptado a viver do poder pelo poder  e que saberá viver com mais uma crise. Chegamos ao PMDB.

O maior partido brasileiro, tido como um poder moderador na democracia brasileira e que sabe viver o poder pelo poder como poucos, está num momento especial em que tutela o governo e a oposição como há muito não fazia.  O pior dos mundos para o Governo, e para aqueles que comemoravam quando algum cardeal peemedebista via monstros na Lava Jato - é que o primeiro time peemedebista seja o principal destaque nos pedidos de inquéritos e denúncias que poderão vir.

Se Renan Calheiros e Eduardo Cunha, para ficar nesses, caminharem para um enfraquecimento muito severo, a tendência natural não é que eles sejam tutelados por um governo enfraquecido, em queda junto a opinião pública frente a dias de baixíssimo crescimento, inflação recorde para os anos de Real.   A tendência, pois é mais barato, seria que os peemedebistas caminharem para acordos com a oposição, especialmente se os eventos que pedem rua tiverem algum resultado para os que desejam o abreviamento do mandato da Presidenta Dilma Rousseff.

O enfraquecimento dos dois poderá ser um desastre para o Governo.  O enfraquecimento de apenas um deles já será um drama, porém de caráter menor.  Não se sabe, até que as peças comecem a ser mexidas, medir o tamanho das mobilizações no Parlamento, não obrigatoriamente nas ruas. Não podemos esquecer que os políticos são movidos pela busca da sobrevivência e não pelas novas gerações. O sonho de um bom governo não conta nessa hora. Para o governo, o pior dos mundos parece vir de todos os lados.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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