31 de julho de 2025
OPINIÃO

O Novo Delfim e o Nordeste

Muita coisa foi falada, dita e escrita sobre esses assuntos, porém escolhemos aqui a chegada do senhor Eduardo Cunha ao comando da Câmara Federal. Desde 1975, 39 anos atrás, um carioca ou fluminense, como queiram, não chegava ao um posto de destaque na R

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(Brasília-DF)  A semana que passou foi memorável. Para o bem e para o mal, diga-se.

Eleição do novo comando das duas Casas Legislativas, visita do Ministro Chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, no Congresso; bate-boca de Aécio Neves com Renan Calheiros; Dilma recebeu os novos presidentes do Legislativo; nova CPI da Petrobras na Câmara confirmada; Graça Foster e diretoria da Petrobras demissionários; novas revelações da Lava Jato com os 200 milhões de dólares nas campanhas do PT; João Vaccari Neto tendo o portão de sua casa “escalado” pelos agentes da PF; escolha de Aldemir Bendine para o comando da Petrobras e , finalmente, o aniversário de 35 anos do PT.

Muita coisa foi falada, dita e escrita sobre esses assuntos, porém escolhemos aqui a chegada do senhor Eduardo Cunha ao comando da Câmara Federal.  Desde 1975, 39 anos atrás, um carioca ou fluminense, como queiram, não chegava ao um posto de destaque na República. O Rio de Janeiro é a cara da alma brasileira, terra do jeitinho, da mulher bonita, do Carnaval e da malandragem – estereótipos nacionais que correm o mundo e, inegavelmente, nos formam, para o bem e para o mal, repito. Os cariocas e fluminenses tiveram em Célio Borja, ele da Arena, eleito em 1975 presidente da Câmara Federal. Plena época da ditadura. Na democracia, os cariocas só tiveram proeminência na figura polêmica de Carlos Lacerda, mas que não chegou à Presidência da Câmara Federal.

Para muitos observadores, analistas e historiadores, Cunha chega ao comando da Câmara quase tão poderoso como chegou Ulysses Guimarães. Muitos o questionam, chamando-o de um “chantagista profissional”, outros o vêm como um líder congressual moldado nos idos da micro e da macro política moderna brasileira.   Os mais ácidos com a Presidenta Dilma dizem que só uma chefe de Governo tão incompetente cercada de improváveis articuladores vindo dos Pampas(todo mundo sabe que gaúcho é bom de guerra mas não de conserto político) poderia ter permitido Cunha chegar a tal patamar.

Tenho hábito de mandar avisos aos conservadores de plantão: se vocês pensam que Cunha vai aceitar abrir um processo de Impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff podem tirar seus burricos do sereno que vêm tempestade. Cunha é um profissional do PMDB que se credencia a ser a maior liderança partidária, se escapar da Operação Lava Jato, que se tem notícia. A ele são dadas as condições de tutelar uma Presidenta da República  conhecidamente incompetente na gestão da política. Nada mais saboroso para um líder congressual, e não um líder popular, que espezinhar uma chefe de Governo e Estado.

Cunha ao tutelá-la o fará com as armas que tem, sob condições especialíssimas não irá demiti-la de onde está, mas aprisioná-la.

Cunha chegou onde chegou se servindo de uma trupe de apoiadores nordestinos importantes. Se um deles se eleger seu sucessor na liderança do PMDB na Câmara, que se reforçará nos próximos anos, veremos como ele lidará com seus adversários no Nordeste, que se evidencia nas figuras dos irmãos Gomes, no Ceará.  Esses, sim, devem ficar preocupados com a força de Cunha, que pretende esmagar aventuras partidárias. O novo Delfim da Política Brasileira chegou e vamos torcer que grandes temas nordestinos sejam levados adiante nesta disputa de poder.

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr, é jornalista

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