Semana de arrepiar
Dilma terá que falar algo. Especula-se sobre o que será dito. A oposição, com ironia, ainda pouco auscultada, diz que os nordestinos, exatamente a parte da população brasileira que vive na região que mais votou no projeto de reeleição – são os que vão mai
(Brasília-DF) Teremos uma semana novidadeira pela frente. Por incrível que pareça, depois de 25 dias de um segundo mandato abarrotado de anúncios no Governo Federal, que abalaram algumas convicções, ainda teremos muita coisa pela frente até o primeiro mês de 2015 acabar.
Na terça-feira, 27, a Presidenta Dilma Rousseff fará sua primeira reunião ministerial do segundo mandato. Será a oportunidade para algum tipo de declaração, seja por meio de nota ou não, venha sobre o que se viu e verá nos próximos dias e meses. A oposição vem cobrando que ela se manifeste sobre as medidas tomadas até o momento – um destacado ajuste fiscal que não estava em sua cartilha de candidata presidencial. As críticas à Presidenta e ao Governo partem de todos os lados - oposição(claro), aliados, PT tanto de filiados como da militância. Boa parte do setor financeiro aplaude alguma coisa, sob intensa desconfiança, ao tempo que setores produtivos estão divididos.
Dilma terá que falar algo. Especula-se sobre o que será dito. A oposição, com ironia, ainda pouco auscultada, diz que os nordestinos, exatamente a parte da população brasileira que vive na região que mais votou no projeto de reeleição – são os que vão mais sofrer com as medidas tomadas pelo “novo governo”. Os números do IPCA do IBGE divulgados no final da semana passada ainda apontam a inflação, nas principais capitais nordestinas, abaixo de cidades como Brasília e São Paulo, porém tudo indica que haverá um salto nesses números na inflação de fevereiro já com os efeitos do aumento da gasolina.
Nesta semana, aqui em Brasília, haverá, também, o retorno dos principais nomes da política parlamentar. As eleições das Mesas Diretoras da Câmara Federal e do Senado obrigam que os homens públicos estejam de retorno. Os novos deputados devem chegar entre quinta e sexta-feira( 29 e 30). Haverá muitos eventos reservados e públicos por toda a semana. Os senadores novos também devem aportar em massa na quarta-feira. A política vai tomar de conta da Capital Federal. Em tese, esse ambiente não é um cenário propício para um governo que teve como marca, especialmente no primeiro mandato, uma grande desarticulação política e especialmente parlamentar.
Numa apuração feita pela agência Política Real, a maioria dos deputados nordestinos estão inclinados a votarem no candidato do PMDB, deputado Eduardo Cunha(RJ). Mesmo com o apoio formal do PSD ao candidato Arlindo Chinaglia(PT-SP), a tendência é que o petista tenha algo em torno de 30% dos votos dos 151 deputados nordestinos . O candidato da oposição, deputado Júlio Delgado(PSB-MG), caminha para ter no máximo 20% dos votos. Pelo cálculos dos jornalistas da agência, Cunha estaria com condições de vencer a disputa em primeiro escrutínio se dependesse só dos nordestinos. Isto é emblemático pois Dilma teve uma ampla votação no Nordeste e sua base atuou neste sentido, porém não confiam num petista, que foi até pouco tempo líder do Governo na Câmara, para comandar a Câmara.
No Senado, a postura observada nos movimentos dos grandes eleitores para a sucessão de Renan Calheiros(PMDB-AL) aponta na direção de que o alagoano deverá ficar por mais dois anos no comando da Casa de Rui Barbosa.
Se estava complicado, a tendência é que fevereiro deva se iniciar ainda mais difícil para o Palácio do Planalto.
Os nordestinos, mais uma vez, serão decisivos, tanto para o bem como para o mal.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: [email protected]