Dificuldades em série
Quase ao final da semana passada, o economista Luiz Carlos Beluzzo – conselheiro de Lula e professor da Presidenta na Unicamp - deu uma entrevista no principal jornal econômico do país, o “Valor”, dizendo que a Presidenta Dilma capitulou aos liberais.
(Brasília-DF) É cerco para todos os lados. Ainda nem temos 20 dias do mês de janeiro e podemos dizer que não está fácil ! - se você achava que o ano de 2014 foi duro, sente essas e comece a contabilizar a soma que vou tentar fazer para você.
De cara veio o aumento do IPI dos caros. Em seguida, as limitações impostas ao acesso a certos benefícios trabalhistas e direitos previdenciários. Já está certo: o seguro desemprego irá reduzir, seu acesso, em 26,58%. Existe uma tendência, segundo algumas consultorias, de que só com o IPI, fim da desoneração do IOF e a recriação da CIDE tenhamos mais R$ 27,3 bilhões em impostos. A casa própria ficou mais cara para classe média. A energia elétrica poderá aumentar até 60%. A taxa Selic, que foi responsável, segundo o Governo Federal, pelo aumento do juro da casa própria deverá voltar a aumentar na próxima reunião do Copom do Banco Central.
Na semana passada, a Presidenta Dilma se reuniu com o seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, até ano passado colaborador da campanha presidencial do senador Aécio Neves(PSDB-MG) - por três vezes. Ninguém precisa ter doutorado em Chicago ou na Sorbonne para saber que teremos um primeiro trimestre duro de roer - uma inflação que deve “comer” boa parte da meta para este ano.
Quase ao final da semana passada, o economista Luiz Carlos Beluzzo – conselheiro de Lula e professor da Presidenta na Unicamp - deu uma entrevista no principal jornal econômico do país, o “Valor”, dizendo que a Presidenta Dilma capitulou aos liberais. Ele foi duro sobre a cartilha de ajustes que estão sendo feitas pela nova equipe econômica, especialmente Levy. Ele disse que turma de Chicago pensa que economia é só juros e macroeconomia. Disse que é tolice se falar de uma febre de intervencionismo, pois todo governo intervém e salientou os erros do Governo na Política Industrial como o nosso maior problema.
Se você, caro leitor, está pensando que falei de economia está completamente errado caríssimo, estou falando de política, pois isso que já se vê, e o que virá, terá forte implicação política em todos os quadrantes. Se a classe média, em boa parte, tem o que reclamar do atual governo, pior virá do sentimento das classes mais populares. A conta será salgada. No Nordeste, o impacto será maior pois toda vida que a conta pesa para os mais fracos não esqueça que a maioria da população acima do paralelo 20º é hiposuficiente.
A Presidenta Dilma ainda tem que lidar com a questão política clássica. Existem duas candidatura da sua base na disputa pelo comando da Câmara Federal. No Senado Federal, o senador Renan Calheiros deverá ser reeleito.
Na disputa da Câmara, na semana que passou, os dois principais candidatos da base, PMDB e PT, estiveram no Nordeste. O Planalto faz uma campanha discreta pelo petista Arlindo Chinaglia(SP). O favorito Eduardo Cunha(PMDB-RJ) teria hoje, no Nordeste, entre 70 e 80 votos. A bancada do Nordeste na Câmara é de 151 votos. O candidato da oposição, o deputado Júlio Delgado(PSB) teria entre 20 e 25 votos. A tendência, hoje, é o candidato petista chegar a 30% dos votos do segundo maior colégio eleitoral de deputados federais, só perdendo para o Sudeste.
Dilma tem problemas de toda ordem. Nem na região onde teve larga maioria de votos na disputa presidencial, ela está podendo impor suas vontades através dos políticos.
Bem, quem foi que o Céu é perto!?
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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