ESPECIAL DE FIM DE SEMANA: "Meu combate vai além da oligarquia Sarney"
Deputado Domingos Dutra afirma que derrubar o grupo do ex-presidente da República do Governo do Maranhão não é seu único objetivo, mas é um dos principais
(Brasília-DF, 15/08/2014) – “Eu combato a oligarquia Sarney em virtude dos males que ela tem praticado durante seis décadas contra o povo maranhense. Mas a minha atuação parlamentar vai muito além disto. A prova é o conjunto de categorias sociais que defendo na Câmara Federal”.
A declaração é do deputado federal Domingos Dutra (SD-MA), ao fazer uma avaliação de seu mandato na Câmara dos Deputados e de sua luta pela reeleição.
Apoio a Flávio Dino
Nesta entrevista exclusiva a Política Real, ele avalia a campanha do candidato das esquerdas ao Governo do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), denunciando que “muitos prefeitos estão sofrendo ameaças por parte do candidato do governo”. No caso o senador Lobão Filho (PMDB).
Também fala do enfrentamento ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições passadas, e da greve de fome que fez na época, de sua saída do partido do governo, o PT que ajudou a criar. E faz um desabafo, quanto à postura de muitos deputados: “Fiz o caminho inverso de muitos políticos, que se elegem pela oposição e vão puxar o saco de quem está no governo”.
Leia a íntegra da entrevista
Deputado, como o seu partido, o Solidariedade, está participando da campanha do candidato das esquerdas maranhenses ao Governo do Estado, Flávio Dino?
Nosso partido, como os demais que integram essa nova frente de esquerda do Maranhão e a Caravana da Mudança, está todo coeso e empenhado na campanha e na consolidação dessa vitória.
E a campanha de Flávio Dino, que análise que o senhor faz, depois que ganhou as ruas?
A campanha do Flávio Dino está muito boa e avançou muito em relação à pré-campanha. Já visitamos vários municípios e cada dia vem recebendo apoio de prefeitos, lideranças e está na boca da população. Existe uma pressão muito forte em cima dos prefeitos. Muitos estão sendo ameaçados e constrangidos pelo candidato do governo. Mas a população está mesmo é com Flavio Dino. Somente uma tragédia poderá evitar a eleição do Flávio ao Governo do Estado do Maranhão.
E a sua candidatura à reeleição para a Câmara dos Deputados como está sendo conduzida no Estado do Maranhão?
Da mesma forma que nas eleições anteriores: campanha feita a pé, no gogó, comendo poeiras pelas estradas, animada com o “Melô do Futi” (Futi é como o candidato chama o senador José Sarney). E também visitando comunidades simples e humildes, reunindo com as lideranças populares. Estamos esperançosos de ser mantido na Câmara Federal para continuar a defesa dos mais humildes.
Deputado, o senhor sempre foi conhecido em seu Estado, em todos os pleitos que disputou, como o candidato defensor das minorias. Nestas eleições de 2014, que bandeiras de lutas o senhor está defendendo ou reafirmando?
Continuo um defensor da luta pela reforma agrária, os agricultores familiares, os indígenas, os quilombolas, os extrativistas, bem como os agentes comunitários de saúde, agentes de endemias, mototaxistas, garimpeiros, e na defesa também das crianças e adolescentes, e dos direitos sociais das mulheres. Na verdade, defendo as causas de todos aqueles que querem o Brasil mais justo e o Maranhão livre.
No parlamento brasileiro, o senhor é um dos poucos deputados maranhenses a combater o grupo do senador José Sarney. Muitos acham que se trata de um problema pessoal. Outros dizem que é uma estratégia puramente de marketing político. O que há de verdade nisto?
Nenhuma das duas afirmativas. Eu combato a oligarquia Sarney em virtude dos males que ela tem praticado durante seis décadas contra o povo maranhense. Além do mais, o conjunto de categorias sociais que eu defendo é uma prova que o meu mandato parlamentar não se limita a combater a família Sarney. Fui presidente da Comissão de Direitos Humanos, sou presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Trabalho Escravo. São temas nacionais, que vão além da oligarquia Sarney. Agora é fato: dos 18 parlamentares do Estado Maranhão na Câmara Federal sou um dos únicos que não vi e não e fui pro Curral do Sarney, que tem uma origem pobre, não trastejo (gaguejo), não enrolo a língua e não tenho medo do “futi”. Isto é um patrimônio que só eu tento. E para manter essa coerência e ajudar a libertar o Maranhão foi que enfrentei o Lula, quando presidente da República, fiz greve de fome durante dez dias na Câmara dos Deputados e sai do partido do governo, fazendo caminho inverso de muitos políticos, que se elegem pela oposição e vão puxar o saco de quem está no governo.
(Gil Maranhão, especial para Agência Política Real, com edição de Valdeci Rodrigues)