Política, é só para quem sabe!
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
( Brasília-DF) Faz algum tempo que venho salientando por aqui, seja em cores pálidas, pastéis, ora avançando com as mais ruborosas - os erros do Governo Federal e de sua Chefe de Governo com o Nordeste brasileiro.
Nesses últimos dias, temos observado uma sequência impressionante de percalços da Chefe de Governo, frente ao momento político que surgiu da onda de protestos que tomou de conta do país em junho. Veio uma proposta de Constituinte Exclusiva para cuidar da reforma política que não durou 24 horas e depois veio um plebiscito, também de reforma política, que não suportou uma semana, apesar de ainda se ver a insistência.
Face a tanto equívocos vindos de um governo, até pouco tempo tão bem avaliado, e que herdou tanto dividendos históricos - e por conta do momento mágico que vive nossa cultura nordestina com a forma mágica como Ariano Suassuna impressiona o Brasil inteiro com sua sabedoria longeva, visceral e iluminada que une o lúdico do teatro, do romance e da poesia acredito que é necessário contar algo mais.
Suassuna vem dizendo nos últimos tempos que o eixo da cultura brasileira está na força do Nordeste e de Minas.
Nos últimos anos da nossa democracia a cultura se espraia pela política. Desde a redemocratização quem define as eleições presidenciais são Rio de Janeiro, Minas e Nordeste. Já escrevi sobre isso.
Não por acaso a elite política brasileira vem do Nordeste e em alguns casos com Minas. O poder econômico continua centrado em São Paulo. Os bons anos de Eike Batista levaram muitos a olhar o Rio de Janeiro bem além de sua condição de alma brasileira.
Os sulistas que mandam hoje no Palácio do Planalto não mandam no Brasil desde Getúlio Vargas. Depois de Getúlio veio João Goulart, que não teve jogo de cintura e caiu. Depois vieram os gaúchos da ditadura, bem, eles não são bons em democracia.
Dilma Rousseff é uma mineira que se formou politicamente no Sul. Ela está mais para Tempo e o Vento, com a espada e o punch, que a Minas original da conversa sem fim de Riobaldo. Seus assessores políticos mais próximos, especialmente na articulação política, são paranaenses e catarinenses.
Quando foi que esta gente brasileira mandou no país?! Os paranaenses são brasileiros conhecidos por viveram numa área de transição entre os Pampas e São Paulo. Lá não existe uma solidez cultural, mera zona de transição. O Paraná de Gleise Hoffmann é rico, sim, tem indústria e um porto importante, mas é uma invenção estratégica dos formuladores do Brasil e não um advento cultural. A Santa Catarina de Ideli Salvatti nunca teve nem um ministro importante, quiçá um cerebral.
Temos que destacar, sem preconceitos e prevenções, que no Brasil os nordestinos destacam para a vida pública seus melhores membros, pois é um negócio de família. No Sudeste e no Sul a elite contrata gente para a política. As oportunidades econômicas permitem que nem sempre os melhores deless sigam para a Política - tem o que se fazer(!).
Os muitos equívocos políticos de Dilma, e equipe, têm razões etnográficas de sobra para nos convencermos que eles não sabem o que fazem. Uma coisa é certa: nem tudo está perdido, até porque existem nordestinos e mineiros de sobra para tentar salvá-los. Vamos ver se eles se animam!
Eis o mistério da fé
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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