31 de julho de 2025

Copas, movimentos e vaia

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço

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(Brasília-DF) Não dá para negar: o país tomou gosto com esta caríssima Copa das Confederações, e, com isso, a política não poderia ficar de fora.

Os políticos adoram e detestam essas coisas. Os que estão por cima torcem para que tudo dê certo, para, em seguida, se associarem às boas notícias.  Os que estão por baixo torcem que tudo dê errado, para se transformarem em boas novas! Nem sempre isso dá certo: em 1970 os militares souberam lidar com o lado positivo, as pessoas não ligaram para o arrocho do regime; em 1994, no fim do jejum, Itamar Franco fez seu sucessor, mas não foi só pelo futebol; em 2002, Fernando Henrique não conseguiu ver o tucano José Serra no seu lugar – Lula-lá!

Bem, essa não é a Copa principal, mas um grande ensaio para 2014. A semana de início foi marcante, pois tivemos a onda de manifestações, baseadas no movimento “Passe Livre”, mas que é muito mais que isso.

Não me incomodo se deixaram esta leitura, agora, no meio do caminho, mas foi empolgante ver toda essa movimentação que se projetou sobre o evento de abertura da Copa das Confederações, nesse sábado, aqui em Brasília.

Podem até achar que estou bebendo no anarquismo, ou à beira do niilismo(exagero), por defender os movimentos reivindicatórios desta semana, com vidro quebrado e tudo mais.  Uma sociedade é tanto mais viva quanto mais ela se balbucia, tenta se exprimir além dos mecanismos mais rotineiros que o Estado admite como controláveis.

O movimento dos jovens de classe média, muitos deles ligados a partidos da chamada extrema esquerda, associados a outros movimentos, como o que se viu na Esplanada dos Ministérios, no sábado – é um soco nos que preferem fazer marola na internet e não têm disposição cívica para irem às ruas, com força e orgulho, exporem suas insatisfações.

Desde 2003, com a chegada de Lula ao poder, os movimentos sociais passaram a ter uma linha direta com o poder.  Chamou atenção quando isso ficou claro aos vermos que as ONG´s(Oscips) ligadas a esses movimentos lideravam as captações de patrocínios em diversos ministérios. A União Nacional dos Estudantes(UNE) ficou com cara de repartição pública.

As oposições brasileiras não sabem se comunicar com os movimentos sociais. O PSDB ,que antes tinha um perfil social-democrata, quase um PT de fraque - perdeu o que tinha com o isolamento que lhe foi imposto.

O PT vai querer controlar esses movimentos. Dilma não demonstra entender nada disso, que o diga sua paixão pelos ruralistas que estão salvando o PIB de um viés negativo em detrimento dos indígenas -, porém, gente como Gilberto Carvalho, que entende disso, vai tentar lidar com a coisa.

Não dá  para deixar de comentar a vaia dada à Presidenta, na abertura do evento da Fifa: lembrando a máxima futebolista, o brasileiro vaia até minuto de silêncio!

Se Lula, o maior líder político popular depois de Getúlio Vargas foi vaiado, imaginem só Dilma, fustigada pelo crescimento baixo e a inflação!?

Poderosos têm que ser lembrados, sempre, que na democracia são menores que seus cargos.

Boa semana a todos.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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