Entenda o Brasil pelas Festas Juninas
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço
(Brasília-DF) Se você fosse escolhido para anunciar a um estrangeiro qual seria o melhor período do ano para visitar o Brasil poderia, certamente, recomendar o mês de junho. Muito falam do Carnaval - fevereiro e março -, ou o mês de outubro com as muitas festas religiosas, que unem um país gigante como o nosso. Junho, para nós nordestinos é magico e visceral.
Não custa lembrar aos desavisados que o Brasil nasceu no Nordeste, foi nessa região mágica que o Brasil montou o maior feudo do planeta com os Garcia D’Ávila, símbolo da Idade Média, mas a cara de nossa mordernidade cabocla. As festas juninas, uma homenagem aos santos – Santo Antonio, São João e São Pedro – envolvem a união, a purificação, a fecundidade, a colheita – são um fenômeno cultural que, talvez, melhor mostre o Nordeste e o Brasil para quem desejar nos entender além das cidades, da facilidade de visitar o melting pot, nas profundezas.
Quem for acompanhar nossas festas deste ano vai ver que a coisa não é fácil. Temos um povo que tem condições de fazer a festa, mas vemos um povo nada confortável em ver que apesar dos avanços, nas profundezas, nada muda.
O Nordeste é quem mais ganha, e ganhou, com os anos bons da década passada. O nordestino soube ganhar com os anos Lula mais que a média dos brasileiros. Dilma, a gerente que Lula nos legou, tinha a missão de melhorar as coisas. Com formação superior, a primeira economista a dirigir este país, era uma credencial.
Dilma não conseguiu, até o momento - é bom que se destaque a crise internacional como motivo de para reflexão – ir além do ramerrame. Dilma ao não levar adiante um plano claro sobre desenvolvimento regional não permitiu que o país soubesse lidar melhor com os desafios nordestinos. Nós do Nordeste deveríamos ter alinhavado uma clara proposta para convívio com a seca, isso se resolve com tecnologia, C&T como dizem os do ramo. Dilma por ter formação acadêmica deveria ter olhado isso com mais precisão.
Aécio Neves estreou como opção para o Brasil ao dominar o horário gratuito do PSDB na semana passada. Vai ficar aparecendo mais habitualmente para os brasileiros.
Nós nordestinos estaremos confrontados, nessas festas juninas, a ver um povo em condições de fazer uma festa tecnologicamente mais sofisticada, ao tempo que veremos nossas dificuldades com um feijão e uma farinha a preços exorbitantes, com gente defendendo que se traga a mandioca do Paraná para controlar o preço de nosso angu!
Seria motivo para a reflexão política de reconhecer que Dilma não conseguiu ir além!? Seria evidente que se deve fazer mais e melhor?
Ainda não é hora de respostas, pois se Eduardo Campos, o nordestino, ainda não é candidato à alternância, os tucanos ainda são mais frágeis quanto às políticas de desenvolvimento regional se comparados com os petistas. Em verdade, Lula foi além do petismo e Dilma estaria aquém das boas e velhas teses da “Turma da Estrela” sobre como levar adiante um país entendendo-o compartido e integral.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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