31 de julho de 2025

O jogo de emboscadas

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos neste espaço

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(Brasília-DF)  O jogo de emboscadas políticas que cada um vem aplicando no outro neste momento da pré-campanha presidencial de 2014 chama atenção, e revela como, de fato, apesar de cantada como largamente favorita por todos os que analisam os cenários e as pesquisas qualitativas, a candidatura de reeleição da Presidenta Dilma Rousseff é na realidade frágil.

Porque uma Presidenta da República tão bem avaliada, em meio a um país que está à beira do pleno emprego, que tende a terminar o ano batendo recordes na chegada de dinheiro para investimento internacional e que, para não se arrastar num rosário, consegue captar com sua empresa petrolífera “quebrada” 11 bilhões de dólares no exterior, precisa se servir de emboscar seus adversários da forma que vem fazendo?!

Não vamos nos servir aqui das colocações dos petistas, dos tucanos e até dos que estão no meio de caminho nisso, como o PSB, de Eduardo Campos, e o futuro REDE, da Marina Silva. Vamos nos servir de todos e de nenhum.

A Presidenta Dilma Rousseff começou o Governo dando a impressão que iria renunciar a Lula, deixou ser minada e fez um jogo dúbio.  A forma como fez a sua faxina, se servindo de um jogo de cartas marcadas, verdadeiras bombas relógio, tirou de si cobranças dos adversários num momento que não tinha nada o que mostrar. 

Dilma não consegue o melhor de Lula e nem consegue o melhor de FHC.

Na área social, ela se arrasta querendo gerar um modelo de responsabilidade mais sofisticado, mas não conseguiu, ainda.  Na área das privatizações, ela também não consegue grande coisa. Provavelmente, qualquer um que estivesse no poder daria esse monte de desonerações, porém ela não consegue gerar confiança no Mercado ao definir o lucro dos empreendedores em momento que eles têm que salvar, não só seus empregos, o lucro de todo um sistema. Ela conta que na área social outros não têm o que dar de novo e na área do mercado os empresários vão piscar primeiro.

Face essa transição - onde Dilma não consegue, literalmente, escapar do dilema entre os melhor de seu fundador e daquele que colocou ordem na casa brasileira depois de anos de balbúrdia -, os seus melhores e piores mentores acreditam que só lhes restam diminuir o espaço quando a hora da verdade chegar, as eleições de 2014.

Dilma é uma gestora, na política se serve dos craques, como Lula, que sabe que é fundamental tentar perder o menos possível que ganhar mais na guerra da comunicação.

Neste jogo de perde e ganha, stop-and-go, ficou evidente que Dilma não é tão ruim assim como dizem seus adversários nem tão boa como querem dizer seus apoiadores mas é certo, sim, que as regras eleitorais e políticas do Brasil fazem necessário se criar um limite razoável de previsibilidade. Isto interessa tanto ao Governo como a Sociedade. À oposição - não vamos ser toscos e imaginar que essa gente, como o PT no passado, está querendo calmaria – quer o quanto pior, melhor.  Num momento de crise as patuscadas do Governo não interessam ao País.

Esse clima de emboscadas, nessa guerra de guerrilha política, não deve ser abominada  -em nosso modelo. O Governo é forte e a disputa parece desigual, mas não é! Como o Governo é ruim tanto na boa política como na politicalha quem sobreviver nas escaramuças dão razões de sobra que merecem respeito.

Vamos ver o que sobra!

Eis o mistério da fé.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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