O jogo vira rápido
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos neste espaço
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(Brasília-DF) Logo após as eleições municipais, quando se destacava os vencedores e vencidos, foram divulgados os números ruins do terceiro trimestre da economia e já se tinha uma idéia de que o ano terminaria ruim.
Um presidenciável me falou, reservadamente, que tinha dúvidas se a Presidenta Dilma poderia ser candidata à reeleição. “ Genésio, ela não é uma política tradicional. Quem garante que ela não vai dizer: ´Já deu, estou fora!´, daqui a algum tempo”, disse perguntando. Antes de Dilma começar a receber os CEO´s das grandes empresas , conglomerados nacionais e transnacionais, já se especulava que Lula poderia voltar. Pouco antes, foi divulgada pesquisa “Datafolha” revelando que tanto Lula como Dilma venceriam um eleição presidencial contra quem quer que seja, em primeiro turno. Detalhe: Lula estava na frente.
O mês de janeiro termina com Dilma virando o jogo, candidata declarada à reeleição deixando a oposição perplexa, petistas entusiasmados(!?) e apoiadores, talvez os mais equilibrados, convictos da oportunidade que surge. Todos os prefeitos de capitais nordestinas que entrevistei, ou conversei, reservadamente, demonstraram a empolgação da Presidenta em fazer a coisa acontecer.
Dilma evidencia que não vai deixar de atender ninguém que queira fazer a coisa acontecer. Fará parcerias com o seu maior adversário, seja em São Paulo ou Minas. Dilma parece estar convencida de que se terminar o ano cumprindo sua meta de realização de um Produto Interno Bruto avançando, dentro do que prevê o Governo e não o Mercado, será imbatível, primeiro na disputa interna dentro do PT e depois fará os analistas internacionais se retraírem, receberá naturais apoios e impedirá o quanto antes lançamentos de outras campanhas presidenciais, especialmente de membros de partidos aliados.
Os mais observadores, e este se inclui neles, reconhecem a extrema exposição no anúncio da redução das tarifas de energia como o novo “Bolsa Família” do PT. Este é um programa diferente, visto que já existia, há tempos, o “ Luz Para Todos”. Dilma ao insistir no projeto reconhece que fará muito mais que um favor aos mais pobres, mas impõe a economia inaceitáveis desculpas para não ir adiante.
O economista de origem tucana, Luiz Carlos Mendonça de Barros(ex-ministro da Comunicações, ex-presidente do BNDES e consultor respeitado), teve artigo publicado na “ Folha”, na última semana, em que destacava como estava impressionado com a onda de pessimismo no Mundo e no Brasil. Ele reconhecia que não existia tantos motivos no Brasil, desde que o Governo não gerasse desconfiança no meio investidor. Ele salientava que em Davos os ricos viam o Brasil como o terceiro melhor destino de seus negócios em 2013.
Dilma disse aos plutocratas que venham com os seus que terão apoio - condições serão dadas aos lucros. Dilma provoca o setor público no evento desta semana, “ Encontro Nacional com Novos Prefeitas e Prefeitas”, a estimular mais ainda a economia local. Especula-se que Brasília receberá mais de 20 mil pessoas ávidas em oportunidades para fazer a coisa acontecer.
Isto tudo é tão impressionante que pouco importa ao Governo se os deputados e senadores vão se matar para escolher entre seus chefes demônios ou santos. Ao governo parece surgir mais adequado que sejam nomes que não queiram ser mais do que na verdade gostariam.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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