Farra, reserva e traição
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
Publicado em
( Brasília-DF) A semana do Carnaval é para Carnaval e nada mais. É a cultura popular brasileira na sua vertente mais tradicional, se assim se pode dizer. Não é bom esquecer que é o último período antes da quaresma. O período da reserva e do cuidado que leva aos idos de março e a Semana Santa. É uma cronologia conhecida e clássica em nossa cultura.
Desde que a cultura ocidental passou a ser construída em cima da tradição sino-cristã mas com base greco-romana se sabe que esses idos são marcados pela folia, reserva e traição. Não raro a sociedade e a política são atingidas por esses marcas: folia-reserva-traição.
Podemos dizer que a Presidenta Dilma vive o momento da folia da popularidade. Ela começou o ano sob os auspícios de um Governo mais popular que o foi o primeiro ano de Lula.
A fanfarra é flagrante. Vimos o Presidente Obama, do país mais poderoso do Planeta , dizer ao mundo real que o Brasil é preferencial ao fazer sua famosa fala em frente do Palácio do Magic Kingdom, em Orlando. A economia americana volta a avançar ,enquanto os europeus continuam penando - logo após a farra dos brasileiros nas férias de janeiro nos EUA. Nada mais emblemático de nossa importância. A farra continua.
Dilma inaugurou o período das reservas ao falar em cortes orçamentários profundos, maiores que os do início de 2011. Deixa os políticos em pânico ao gerar a dúvida sobre liberações orçamentárias em ano de eleição, onde, tradicionalmente, existe folga nesta questão.
As reservas típicas da Quaresma se inauguram com pompa e circunstância na segunda-feira, 27 de fevereiro - o anti penúltimo dia deste fevereiro de 29 dias. A classe política está preocupada com o que a Presidenta e sua Guarda Pretoriana vão fazer nos próximos meses no processo de compensação que, naturalmente, virá com os ajustes fiscais. Muitas nomeações serão anunciadas, precisam ser feitas em meio a cortes de gordura. Dilma tem cultura suficiente para saber que os pesos e contrapesos não podem ser desprezados. A oposição já disse que acabou a fase do bom bocado.
A fase das traições, pequenas vendetas da guerra de guerrilha que a política miúda invoca da Grande Política se dará nos arranjos políticos da política paulista que domina a política nacional nos últimos 24 anos. Desde quando os paulistas foram decisivos para eleger o primeiro presidente da República, por voto popular depois de 29 anos, o resto do Brasil tem que cuidar das coisas dessa gente como se fosse coisa de nossa esquina cultural.
Todas as traições passarão na festa política e eleitoral dos paulistanos. Dilma e Lula estarão ativos nesta questão. Os principais nomes tucanos, também.
Eleição municipal é coisa essencialmente do citadino, movimentação urbana, questões imediatas e mediatas como em poucos momentos se vê. Mais uma vez os políticos vão tentar afrontar essas máximas em nome dos projetos maiores.
Bem, enquanto isso não vem nos contentemos com a farra!
Bom Carnaval a todos!
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista.
e-mail: [email protected]