Temos motivos de sobra para não duvidar da Política
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
Publicado em
( Brasília-DF) Se existe maioridade para pessoas, existe maioridade para instituições. O PSB realizou nesta última semana seu XII Congresso Nacional em que reconduziu o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para mais um mandato de presidente nacional. O PSB vive um momento marcante.
Acompanhei aqueles momentos em que os principais jornalistas políticos não fazem, quando se sabe que os nomes importantes não irão comparecer. Fiz um tour de force nas muitas reuniões paralelas feitas pelos diversos grupos de trabalho do partido durante o Congresso, que se deu no Congresso Nacional entre sexta-feira,02, e sábado, 03. Vi um partido vivo, vivíssimo. Não é paquidérmico como o PMDB, mas bem mais orgânico. Não é tão orgânico como o PT, mas pareceu mais intenso. Quando ao PSDB não há comparações. Tive a oportunidade de comparecer as discussões de grupos com o Movimento Popular, Movimento Sindical, Juventude Socialista, Mulheres Socialistas, Movimento Negro. Não deu, por absoluta falta de tempo, para conferir o Movimento LBGT. É flagrante que o partido não é um arremedo do PT nas esquerdas.
A fala de Eduardo Campos, no encerramento do primeiro dia do evento que lhe confirmou no comando do partido, novamente – foi cheia de recados, consistência e símbolos. O Neto de Arraes é muito mais que um arquétipo de si mesmo e de uma geração.
Ele fez questão de deixar claro seu envolvimento com Ciro Gomes, deixando evidente e solene que não vai aceitar intrigas contra esta ligação; disse que tem compromissos( alianças) com aqueles que tem história democrática neste país( o que envolve muita gente além do PT) ; que se deve ter grandeza em apoiar e ser apoiado, vivendo a vitória dos outros; que ele não vai patrocinar o enlamear de biografias de líderes aliados; ainda sobre a decisão de retirar candidatura do partido, em 2010(Ciro), aproveitou para deixar claro seu compromisso com a Presidenta Dilma Rousseff| e, para finalizar , seu “ envolvimento” com Lula. Para quem conhece algo de política, ao pedir uma fala de apoio a Lula, ouviu de uma plateia emocionada o “ Olê, Olê, olá...Lula, Lula”, deu a senha. Sabe-se que Lula defere a Eduardo Campos um carinho de “ filho” .
Eduardo Campos demonstra muita maturidade e não se aproxima em momento algum da ação vazia. Ele poderia estar em destaque em Brasília, e para o mundo político, desde o início da semana, mas preferiu o momento certo. No início da sétima passada ele poderia ter ido para a posse do senador João Capiberibe(PSB-AP), que tirou um peemedebista do posto – nome ligado a José Sarney. Ele sabe que não se vai adiante em projetos nacionais tendo o Estado do Rio de Janeiro como inimigo e “ mandou” a líder do PSB, Sandra Rosado( RN), nomear um capixaba e um fluminense entre os nomes do partido na Comissão Especial dos Royalties, na Câmara, mesmo tendo um partido dominado por nordestinos. Campos não tripudia – demonstra grandeza até no oportunismo.
Eduardo Campos com uma juventude, coragem e prudência consistentes dá sinais ao Brasil de que temos motivos para não nos preocupar com o futuro político deste país.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior, é jornalista.
e-mail: [email protected]