As mudanças do Brasil e os homens de preto
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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( Brasília-DF) O Brasíl não é o mesmo. Se tem um grande país que mudou, tanto internamente como fora, foi o Brasil.
Quando ouvimos os críticos mais duros dos governantes pensamos que vivemos no pior dos mundos. Governo que desperdiça dinheiro, governos corruptos, gente ruim, cidades inviáveis, sem saneamento, jovens pouco, ou muito mal, preparados por escolas ruins, governos estaduais incompetentes , sem foco e visão sinérgica. Um show de horrores.
No mundo afora eles nos vêm bem diferente. Não é só por nosso avanço do PIB e por sabermos lidar com a força de nossas commodities, em meio a um mundo rico que não sabe lidar com seu controle fiscal. Dos Brics, só Brasil e China estão mudando de forma exponencial. A Índia se destaca por seus avanços educacionais, mas sua dinâmica social não muda profundamente. Só no Brasil existe esta revolução da nova classe média. Agora o Brasil deve começar a viver a onda de sua mudança federativa. A mudança vai vir na base do empurra, sempre pressionado pelos homens da capa preta: a Justiça.
Existem dois assuntos que denotam esse novo tempo. Primeiro, existe a decisão do Supremo que obrigou os paraenses de todo o Estado a decidirem no plebiscito do próximo dia 11 de dezembro como vai ficar seu território, poderão ser criados mais 3 estados: o Novo Pará, Carajas e Tapajós O Novo Pará é o que remanesce do Pará, com direito a presença da capital Belém. Outro assunto é a nova divisão dos recursos dos Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios, FPE e FPM.
Os políticos não têm coragem de encarrar de frente um novo Pacto Federativo, que venha redefinir este país - nosso Estado revisitado. São muitos interesses contrários apesar de muita gente importante dizer que é a favor. Os homens de preto estão nos empurrando a solução.
Esta definição dos novos estados com o dedo do Supremo poderá desenrolar de vez dois casos no Nordeste, o Estado do Gurguéia e Estado do São Francisco. Diferentemente do Pará, que foi um estado que perdeu importância nos últimos 30 anos, visto que Manaus já é a maior cidade e pólo econômico do Norte do Brasil, as regiões do Piauí e da Bahia que podem surgir como novos estados cresceram e ganharam importância junto com os seus estados originários. A crítica mais dura que se faz é que se daria poder político não a gente que dele necessita, mas a aventureiros que chegaram nos estados e não têm compromisso com aquelas terras mas só com seus interesses. Parece nítido agora que os nordestinos não precisam tanto desses novos Estados, mas se houver plebiscito, por lá, o povo dirá. Uma coisa é certa, o Supremo conduz.
Esta questão da divisão dos recursos dos Fundos de Participação foi obrigada pelo Supremo – eles disseram que este modelo que está aí é inconstitucional, precisa ser ajustado até o final de 2012 pelos senhores congressistas. Com a decisão tomada pelos poderosos da Câmara de que a definição sobre a nova partilha dos recursos do Pré-sal vai ficar para o ano que vem, fevereiro ou março, e com a proximidade das eleições municipais é fácil acreditar que os senhores congressistas não terão condições de fazer algo servível em tempo hábil. O segundo semestre de ano eleitoral é sabidamente sofrível em produção legislativa. O Supremo vai acabar dizendo como vai ficar esta distribuição sob o aparato fiscal da Desvinculação das Receitas da União, a DRU - que será aprovada, certamente.
O Brasil está mudando ou não!?
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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