31 de julho de 2025

Não dá para fugir deste Mundo!

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui

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(Brasília-DF) Dizem que estamos ficando velhos quando começamos a comparar o nosso tempo com o tempo atual. 
Sei que o leitor médio detesta assuntos internacionais e temas econômicos. Poucos jornais brasileiros mantêm editorias internacionais. Os sites e revistas tratam do assunto incidentalmente ou na conta do inusitado. Economia parece coisa do outro mundo com sua linguagem nada apetitosa e cheia de termos em língua inglesa que nem os cidadãos médios americanos ou europeus acabam usando. Bem, apesar do mau gosto, não dá para deixar de tratar desses temas nos dias que correm como se fala do buraco na rua ao lado ,ou da falta de segurança em frente a escola dos nossos filhos.
O mundo rico está em frangalhos. Líderes como Barack Obama, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, José Luis Zapatero, Silvio Berlusconi, James Cameron não estão à altura de nosso tempo. Dilma está certa ao dizer que o problema do mundo rico é falta de liderança e não de dinheiro. Parece difícil crer que teríamos este estado de coisas se tivéssemos líderes como Konrad Adenauer, Margareth Thatcher, François Miterrand, Bill Clinton e até a primeira fase de Tony Blair. Toda essa gente pós-guerra. Não vou colocar aqui os Churchils e os Rossevelts da vida.   Não está fácil. A crise de 2008/2009 era vista como a maior depois de 1929. Na Europa atual vimos algo parecido com o pós-guerra de 45, sem um Plano Marshall para dar suporte.
Dilma reclamou dos líderes europeus, mas nós aqui temos mais retórica que argumentos reais. Temos baixíssimos investimentos com poupança interna, educação em frangalhos e política monetária incerta. Ela reclama com a possibilidade de recebermos investimento estrangeiro em massa por conta do mercado interno e uma atividade econômica que vai remunerar em níveis altíssimos comparado com o mundo rico, mercado da capacitação aberto para crescer, fortemente, e possibilidade do risco monetário ser vencido. 
Outro assunto que está pegando nos calcanhares do bom senso é a instalação do PSD. A criação deste novo partido nos moldes que chega à vida gera um risco incalculável. Um partido que nasce do nada tendo como líder maior o senhor Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, não pode ser coisa boa. Um partido que não tem lado, nem compromisso é um perigo. O nascimento do PSD é bom para seus pais e sócios, mas para a política brasileira, como um todo, é muito ruim. Vivemos um momento de governismo desenfreado. O crescimento da base governista montado pela força de Luiz Inácio Lula da Silva dá calma para os chefes de Governo e de Estado num país com o inédito modelo de presidencialismo de coalizão, porém para a vida democrática em si é um fiasco. Gera-se um denominador gigante que dá base a um poder concentradíssimo, explosivo. Este tipo de concentração faz com que a vida democrática se esmiúce - contestar se transforma numa tarefa desprezível. Não é bom para um país que tem como uma das maiores qualidades, frente aos outros Brics, o fator de democracia política - este estado de coisas. O Brasil não combina com tanta mediocridade.
Não se esquivem do internacionalismo, da economia e da mediocridade política. Isto é o hoje que nos projeta ao amanhã.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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