31 de julho de 2025

Não somos periferia, somos estratégicos

A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui

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( Brasília-DF) A Presidenta Dilma Rousseff fará a abertura da sessão anual da Organização das Nações Unidas, ONU. Será a primeira vez desde 1949 que uma mulher fará o discurso de abertura, historicamente conferido ao Chefe de Estado do Brasil - em honra a chancelaria brasileira famosa no Mundo desde Rio Branco. Um marco.
Isto seria a cara do Milênio – o poder feminino, os outros sexos(?!), a retomada do multiculturalismo, os emergentes, primavera árabe. A Presidenta do Brasil vem encarando muitos desafios. Montou um Governo de continuidade e faz ajustes pertinentes. Inaugurou uma expressão marcante: combate os maus feitos. Ela deixa a oposição sem rumo, mas sem o carisma único de Lula. Dá sinais de que está sabendo conduzir a economia sem a presença de um craque da banca, como vimos desde Fernando Henrique Cardoso. 
Ela faz isso sendo o Chefe de Estado mais chato dos últimos tempos. Para o Brasil isso é um feito. Para o país da alegria não é fácil. Seu discurso no evento Fórum Nacional do PMDB dia seguinte à saída de um ministro do partido, humilhado por seus maus feitos – foi um advento. Ela deixou claro que é fiadora, e não só Lula, da maior união partidária brasileira depois da era PSD-PTB.
Dilma é tudo isso, mas parece ter um medo faustiano do Nordeste. Dilma mexe em tudo neste país e neste Governo.   Não é lenda sua quase impertinência na lida com todos os temas. Não dá para dizer que ela tenha desprezo pelo desenvolvimento regional, como se pensou inicialmente. Sua emoção ao se referir a Celso Furtado em alguns momentos, e isto ficou público há uns 45 dias no Palácio do Planalto ao apresentar o Brasil Maior – é uma prova emocional de que ela não tem desprezo pelo tema.
Dilma parece ter medo de lidar com temas de fôlego que envolve o Nordeste por outras razões que a razão conhece. Dilma não é uma profunda conhecedora do Nordeste, Ela demonstra não ter segurança com as questões da região. Fontes da Política Real, a agência de notícias que cuida do Nordeste, apontam que ela poderia apresentar ainda neste mês sua visão para a área hídrica e de energia. Esperava-se que ela definisse para onde vai Chesf, Codevasf e Dnocs antes de viajar para os EUA,   Esperava-se que isso se desse num evento do Conselho Deliberativo da Sudene. Não se sabe se Dilma age assim combinada com Lula. A força desse novo Nordeste que se espera, esclarecido de uma forma direta e indireta, fortalece, seja de que forma for, o maior líder da região no momento, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Se o Nordeste define para onde vai, Campos vai junto.
Fica cada vez mais claro que essa questão da nova geração envolve a próxima eleição.
Dilma não ignora o novo Nordeste que ela sabe ser fundamental, inclusive para a Rio + 20 que ela vai vender em Nova Iorque nesta semana –, ela espera para fazer da melhor forma. Nada como sermos estratégicos, fiquem certos!
Eis o mistério da fé
Por Genésio Araújo Jr é jornalista.