11 de Setembro e o fim dos jumentos
A coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos, aqui
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( Brasília-DF) A semana começa com uma marca impressionante: 10 anos do 11 de setembro de 2001.
Se o Século XX, para alguns historiadores hobsbawnianos, só começou em 1914 e terminou em 1989 – respectivamente, com o fim da primeira guerra e a queda do muro de Berlim – há quem se arrisque dizer que o Século XXI só começou em 11 de setembro de 2001. Não é bom definir marcos com tanta brevidade, mas a importância dos acontecimentos daquele setembro são tão marcantes que tal exercício de afobação tem justificativas mais que plausíveis.
Provavelmente o(a) leitor(a) deve ter sido bombardeado(a) por uma infinidade de informações nos últimos dias sobre aquele marco histórico da civilização moderna, porém, certamente, pouco deve ter ouvido sobre o que atingiu o Nordeste neste período. Daquela data em diante vimos o Nordeste avançar(!?). É histórico se afirmar que de grandes desastres surgem grandes oportunidades.
No final de 2002, a maior agência de desenvolvimento do Nordeste, o BNB, pagava para não ajudar ninguém. Naquela época o mundo vivia uma explosão de crédito. George Bush disse aos americanos que para ajudar o país no combate , Guerra Contra O Terror, a melhor coisa a fazer era ir aos shoppings. O americano mandava seus filhos para guerra e comprava aos borbotões. No Brasil e no Nordeste o crédito não existia.A banda larga era um ficção e classe média era coisa de rico(!). Em 2003, quando a Guerra Contra O Terror ganhava pernas longas e as campanhas do Afeganistão e a faxina cultural contra o Islã ganhavam proporções inaceitáveis o Nordeste começou a ganhar uma importância que ia além do butim de votos.
Se o Século XXI começou com o 11 de setembro de 2001, o mesmo século começou para o Nordeste a partir de 2003. As apostas do Governo Lula para elevar a renda e aumentar o consumo tiveram impacto maior onde o Brasil nasceu. A nova classe média que surgiu mais fortemente no Nordeste justo no momento em que a classe média americana perde a cada ano sua capacidade de renda é um advento, queriam ou não, do 11 de Setembro.
A perda de importância da economia americana para o Planeta teve importância proeminente no Nordeste. A China passou a ser o maior investidor no Nordeste antes de ser o principal investidor e aplicador no Brasil. O Nordeste está vivendo a onda dos grandes investimentos e os americanos estão bem ali mas foram os chineses que partiram na frente. Isto seria possível sem o 11 de Setembro!? Certamente, não devem ter ouvido ou lido a respeito sobre o advento para o Nordeste!
O 11 de Setembro para o Nordeste talvez tenha tido uma proeminência maior do que para o resto do Brasil. As pessoas que vivem no interior do Nordeste, em pleno Semi Árido, talvez não tenham esta clareza. Quem acabou com o jumento no interior e fez aparecer motos em borbotões não foi Lula e seus dedaços(sim). Tudo isso foi obra do 11 de Setembro, Cara Pálida!
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, é jornalista
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