O bom negócio nordestino da política
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) O cientista político Paulo Kramer deu uma entrevista a agência Política Real, especializada em Nordeste, neste último fim de semana.
Ele vem trabalhando num projeto sobre transparência no serviço público com o também renomado Roberto da Mata a partir de uma provocação feita pela Presidenta Dilma Rousseff ainda na época da Casa Civil do Governo Lula. Como editor da Política Real ajudamos na formulação das perguntas, sempre com foco no Nordeste.
A conversa foi longa e pode ser conferida no site da Política Real(www.politicareal.com.br ), um dos produtos editorais da agência, mas o leitor deve conferir no busca com a retranca Especial de Fim de Semana.
Questionamos o fato dos nordestinos serem os craques na vida parlamentar de Brasilia e ele deu sua explicação - bem darwiniana. Ele diz que com o avanço da economia especialmente em São Paulo e Minas os nordestinos avançaram por razões que vão aquém do que se poderia imaginar. Ser político no Nordeste é um grande negócio. Em São Paulo é possível ter sucesso na vida privada, isso é bem mais fácil para os que têm melhores oportunidades. A elite não vai para a Política. A mesma coisa se dá em Minas que sempre teve tradição de grandes políticos. Aécio Neves é o que é mais face a uma tradição familiar - o Solar dos Neves que o diga. O atual governador de Minas, Antonio Anastasia, é um executivo público. Aécio o pinçou para a vida pública pois o reconhecia por este viés. Os nordestinos ainda vêm na política um grande negócio, daí porque seriam os craques na vida parlamentar. A avaliação dele tem cabimento.
A deputada Ana Arraes(PE), líder do PSB na Câmara Federal, é a candidata do ex-futuro-Presidente Lula para a vaga como ministra do Tribunal de Constas da União em substituição de Ubiratan Aguiar, que se aposenta neste fim de mês. A deputada é filha de Miguel Arraes, tem sangue cearense e alma pernambucana, mas ela é uma invenção do bom negócio nordestino da política. Dona Ana, como é chamada, é mãe do grande político nordestino e brasileiro, Eduardo Campos. Dona Ana, para quem conhece Brasília, não calça o chinelo fanabu(sic) do deputado Aldo Rebelo(PC do B-SP), nascido, e bom, alagoano. Além de ser ruim de lead não constrói bem o mundo político. Dona Ana é uma mulher respeitável e digna, mas ela só se elegeu deputada em 2006 pois Eduardo Campos, que saíra candidato ao Governo de Pernambuco numa disputa incerta com Humberto Costa e o governador que buscava a reeleição Mendonça Filho, o “Mendonçinha” - lhe passou os “colégios”. Temia que ficasse fora da vida pública por algum tempo e pensava ocupar o gabinete da mãe para se manter vivo. Deu certo duas vezes. Ele se elegeu e reelegeu governador e ela, na última eleição, pressionando pela condição de mãe do Governador foi a mais votada no Estado de Pernambuco. Isso, no início, criou um certo constrangimento para Dudu, mas depois virou pó.
Dona Ana tem tudo para vencer o bom quadro e político dos bons Aldo Rebelo, que já foi presidente da Câmara. A verdade é que sai um nordestino e deverá entrar outro. Detalhe: os ministros do TCU julgam contas públicas.
A Política é ou não é um bom negócio para os nordestinos?!
Por Genésio Araújo Jr é jornalista.
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