Ela faz política ou faz gestão?!
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) A decisão da Presidenta Dilma de fazer uma faxina no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit - principal estatal do Ministério dos Transportes, está surpreendendo muita gente.
Costuma-se dizer, depois de episódios como este, que foi aberta a Caixa de Pandora. A Presidenta dá sinal de que vai ser dura com outros casos de má administração ou ma fé na administração pública. Depois de uma semana fazendo mudanças, revendo posições, redefinindo diretrizes no órgão e ferindo susceptíbilidades e interesses dentro de seu partido, o PT, fica a forte impressão de que teremos uma onda de moralidade no Governo. Num momento em que o país vive uma grande expectativa sobre seu futuro ,frente ao tamanho da crise mundial que dá sinais que recrudesce, o que parecia ser um risco nada calculado agora dá sinais de que vale à pena.
Dilma, nesta semana, passou mais de 1 hora conversando com os jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto. Ela que não é de conversar - foi um verdadeiro advento! Ela deu sinais de que está pronta para tomar as medidas que se convencer razoáveis para conduzir bem o Brasil neste momento. Dizem que na política não dá para abrir muitas frentes, pois se a política é uma extensão da guerra em tempo de paz não dá para cuidar bem da vanguarda e da retaguarda ao mesmo tempo. Dilma se arrisca com sua base aliada, mas dessa vez não o faz no equívoco de não tratar de temas de peso, como para o Nordeste que espera dela, pelo menos, diretrizes que ultrapassem o mero( mais importante!) combate à miséria.
Dilma sabe que tem que tomar as medidas que considera mais veemente agora, enquanto tem apoio popular. Este movimento contra os desmandos na área de infraestutura, área que aprendeu a dominar, está no terreno que a maioria dos brasileiros anda, as estradas brasileiras. Todo mundo sabe o que isso significa e tem alguma crítica a fazer. Ela não mexe só com os políticos que dominaram o setor, mas com os empresários que fazem boas estradas fora do Brasil e péssimas estradas (sonrizal) aqui em nosso território. Dilma faz política quando na verdade faz gestão.
Dilma corre o risco de disseminar a idéia de que ações técnicas valem mais de ações políticas. Não é salutar para democracia que se coloque como irretorquível a tese de que os técnicos tudo podem e os políticos nada podem. Uma estultice. Quando a cultura dos técnicos fez sucesso foi justamente no período de políticas de eugenia, das ditaduras clássicas do século passado e no Brasil tivemos a “ditaduras dos coronéis”, na década de 70. Sabemos que Dilma, apesar de não reconhecer publicamente, respeita o período do general Ernesto Geisel, o mais competente dos generais presidentes que moldou as grandes obras de infraestrutura e superestrutura que montou, entre outras conquistas, nosso parque petroquímico.
Dilma acerta, sim. Ela vem do staff dos técnicos que chegaram ao poder. Vamos torcer que ela tenha aprendido que apesar da forma de fazer ser importante só o milagre da política fez coisas como sua chegada ao poder.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr é jornalista
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