Mais aflições à vista
A Coluna de Genésio Araújo Jr é publicada todos os domingos
Publicado em
(Brasília-DF) Brasília entra em férias obrigatórias, mas o Brasil não pára. Este Governo e uma pá de gente devem estar adorando essa paralização momentânea. Para quem não sabe para onde vai não poderia ser melhor.
Nas conversas que surgiram a partir do happy hour do poder, realizado na última quarta-feira à noitinha(Presidenta Dilma recebeu os líderes governistas) confirmou-se uma tendência que vinha se observando na última semana. A Presidenta Dilma quer impor um processo de vinculação único na aplicação das emendas parlamentares. Este tema chama atenção na atuação parlamentar da maioria dos congressistas na sua relação com o Executivo.
Todo mundo que lida com o poder sabe que o primeiro time do poder, um grupo de 20 a 30 parlamentares, especialmente entre os que já exerciam mandato eletivos - não se assombrou com a forma como a Presidenta Dilma lida com o tempo do poder. Essa gente já mandava no alto comando do Governo Lula estão prontos para algum tipo de espera; em alguns situações pontuais, como alguns sindicalistas que sofreram com as mudanças que a Presidenta impôs, principalmente nos bancos, ficaram indignados. Este pessoal é notadamente do PT e em menor escala no PDT. Os novos parlamentares, algo em torno de 46% do total, tem ansiosidade com a forma que o poder se instala.
Essa gente tem que pagar conta(todos os tipos de contas) e já encara novos desafios com a proximidade das eleições municiapais. Para a sociedade parece coisa do outro mundo, mas, no momento, esta micro política vem deixando muita gente sem prumo. Dilma sinaliza que vai obrigar que os deputados e senadores, no orçamento da União que chegará no segundo semestre, trabalhem com uma cesta de programas. Quem desejar êxito nisso terá que atender a vontade da Presidenta. Resumo da ópera: Dilma quer desmontar o carãter das emendas parlamentares. É como se ela dissesse o que os congressistas deveriam fazer. Ora, as emendas são uma forma do legislativo dizer para onde devem ir suas prioridades. Cada congressista atua num setor da política e lá quer continuar.
Dilma tende a arrumar mais confusão com essa decisão. Ela acha que os congressistas devem focar em educação, saúde e outras áreas. Mas e o pessoal que deseja pequenas obras nos município? A ministra da Casa Civil, Gleise Hoffman, ainda quando no exercício pleno da senatória chegou a assustar seus colegas na comissão de orçamento com possíveis limitações nesta ação parlamentar. Um colega seu, no caso um deputado, chegou a brincar chamando a solega de Comissão de "Ministra". Na época, era uma pilhéria contida. Ela não era cotada para ser Ministra!
Sabemos que existem exageros nas emendas mas elas são legítimas. A tendëncia que será posta, visto que a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada na semana passada, não fechou janela para tal - tende a ser mais um momento de morte da Federação brasileira. Se fala que Estados e Municípios são uma subseção do Executivo e com essa nova limitação nas emendas parlamentares faria com que o problema se acentuasse. O estranho é que o pessoal da Fazenda e Planejamento sempre detestaram todo tipo de vinculação. Se for verdade que a Presidenta vai levar à frente sua tese, que se ajusta a sua sina pela boa gestão, teremos mais uma evidência de que os técnicos no poder não são um exemplo irretocável.
Veremos!
Eis o mistério da fé.
por Genésio Araújo Junior
e-mail: [email protected]