31 de julho de 2025

A Política não é para todos

A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço

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(Brasília-DF) A semana que se inicia será a última – neste início de segundo semestre - de movimentação mais intensa em Brasília, face sua lógica de centro do poder. Congresso Nacional e a Justiça vão dar uma parada de duas semanas. O Executivo, em tese, não vai parar. Não dá! O Executivo e a União têm muita força no Brasil.
Terminamos a última semana com dois adventos marcantes. A queda do segundo ministro do Governo Dilma, dois em menos de 186 dias e com o direito de um remanejamento. Para nós do Nordeste, inicialmente, foi duro ver tanto sulista no comando. Já reclamávamos dos paulistas em excesso.
De quebra, vimos o nordestino Roberto Gurgel, o mesmo que livrou Palocci no auge da crise do enriquecimento denunciado – ratificar, nas alegações finais do processo do Mensalão, do PT, confirmar pedido de condenação de 36 dos 38 denunciados pelo então procurador geral Antônio Fernando de Sousa, ainda da época do Governo Lula.
Este último caso surgiu no momento da crise que originou a queda de Alfredo Nascimento, do Ministério dos Transportes. O ex-ministro dos Transportes parecia montar o Mensalão do PR,  tendo como articulador o deputado Valdemar Costa Neto(PR-SP).
Até parece que a Presidenta Dilma está cercada por uma alcatéia. Não é bem assim. A Presidenta não pode falar em herança maldita, como dizem alguns. As mulheres para serem respeitas na vida pública não podem se colocar como vítimas do poder masculino.   É triste ver mulheres na vida pública exigindo respeito e costumeiramente se colocando no gueto de só defender crianças e causas da família. Se a mulher quer ser respeitada na Política tem que ocupar os espaços da Real Politik. Neste jogo bruto não dá para se servir de Talleirands, ela tem que lidar, sim, com os Fuquets da vida. Deixando de lado os revolucionários burgueses, mas avançando nos revolucionários proletários, se a Política é uma extensão da Guerra, como lembrou José Sarney ao citar Lenin numa recente entrevista “especial” ao jornal “Correio Braziliense” na semana passada – se colocando com um homem possível e de sua época – ela tem que saber aniquiliar os adversários e exilar os seus em Gulags.
Dilma que é uma desenvolvimentista sabe que todo governo obreiro, ou que se coloca assim, terá que conviver com os exageros do poder. Se apropriar do Estado é uma tradição de Estado empreendedor. No mundo inteiro nesta fase de crise cambial, financeira e de retorno da inflação ela tem que saber defender os ônus deste novo Estado. Ela conseguirá apoio da Sociedade se souber administrar isso, mas terá que lidar coma dura política de Brasília. O modelo político brasileiro é único, mas não é tão ruim assim como decantamos. Há sempre o pior, creiam-me! 
Para encerrar, o que vemos é que apesar de meio mundo dizer que nós nordestinos somos a pior das gentes vemos um paulista(Valdemar Costa Neto) ajustando os cordéis da safadeza e uma cearense( Roberto Gurgel) tentando dar o bom exemplo.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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