31 de julho de 2025

Poder feminino, gays, hackes e o Nordeste

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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( Brasília-DF) Alguns temas do momento estão chamando atenção e saem um pouco da rotina do poder que tantas vezes abordamos por aqui. 
 
União entre pessoas do mesmo sexo, que alguns chamam midiaticamente de “casamento gay”, ataque dos hackers, poder feminino são questões ultramodernas, contemporâneas e próprias do nosso século. Devem marcar a década de forma impactante.
 
Já escrevi sobre o moderno e o antigo, lembrando Ernesto Sábato. Não dá para deixar de voltar ao tema quando se trata de assuntos como esses. O intelectual argentino/judeu questionado sobre o progresso disse que era uma ficção capitalista.
 
- O progresso?! Isso não existe, o coração humano é igual desde Aristóteles( sic). Volto a lembrar aos que não em leram antes. Ele, com forte sedimento plural, humanista e gauche, entendia que o progresso como conquista humana não existia, pois os sentimentos humanos, na concepção ocidental, já tinham sido entendidos pelo humanismo greco. Nada mudara, pois o ser humano, em suas origens, não muda.
 
Nós do Nordeste temos a obrigação de sabermos lidar bem com esses temas, pois universais, apesar da aparência. O Brasil nasceu no Nordeste, foi a partir da Bahia que começou a ocupação de Vera Cruz. Nos primeiros cinqüenta anos(ou seriam 180?) de colonização desta terra pelos portugueses, éramos visitados por todos. A conquista nacional é formada muita mais por nossa influência mameluca do que por nosso atual fascínio e preconceito pelos africanos. Nós do Nordeste somos únicos e temos a obrigação de encarar temas complexos com maior cuidado.
 
O poder feminino no Nordeste é muito forte. A formação dos jovens é feita marcadamente por esse poder. Nos últimos 40 anos, com o fortalecimento do poder paulista, as mães abandonadas por seus maridos, ou pares, que se mandavam para São Paulo criavam seus filhos sozinhas. Não custa lembrar que temos um ex-Presidente da República(Lula) formado em sua base pelo poder feminino. No Nordeste, o estado do Rio Grande do Norte, um dos melhores IDHs da região, há anos é comandado por mulheres. 
 
A novidade dos hackers e crackers será uma constante. Nós do Nordeste, temos na região do Recife um pólo de tecnologia crescente. Nós não somos periferia nisso, como noutros assuntos. Já se fala em certas rodas que os hackers são os jovens modernos com suas rebeliões. Não existem mais aqueles ambientes como Woodstock ou as ruas próximas de Saint German com os moços e moças da Sorbonne. Os jovens se servem da tecnologia para expor suas revoltas. Os crackers são o lixo da coisa, mas também noutro momento podem ser “bem“ usados. As revoltas serão feitas pelas redes sociais. Nós no Nordeste somos onde mais cresce o uso da internet em casa.
 
A união entre pessoas do mesmo sexo é um desafio para todo o Planeta- é coisa de ética. Nós do Nordeste, estamos acostumados com aquela história, que se repete, do adolescente pego fazendo algo diferente que recebia um “piza de rei”, era expulso de casa e mandado para São Paulo. – Não envergonhe a família. Vai dar em São Paulo.(sic). A cada dia isso muda. A solidariedade é típica dos nordestinos. A dureza do Semi Árido nos ensina, como a poucos, a lidar com o difícil. O diverso ainda é um caminho difícil. Nada é fácil, mesmo para nós nordestinos.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
 
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