Sobre o início da Era Dilma para o Nordeste
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) Há quem diga que o Governo Dilma Rousseff começou quando da posse de sua nova articulação política, dia 13 de junho. As imagens falam muito. As palavras dizem o que queremos, mas as imagens falam o que nossas almas desejam.
Para nós do Nordeste, o Governo começou na sexta-feira,10 de junho, quando saiu a nomeação do novo presidente do Banco do Nordeste.
Pode parecer um exagero? Claro que sim, mas só quem acerta são os que arriscam. Ficou célebre na obra historiográfica da última década do século 20, do alemão Eric Hobsbawn, “Era dos Extremos: o Breve Século XX”, que o século passado, à nível histórico, teria começado em 1914, com o início da primeira guerra mundial, e terminado em 1991, com a queda do muro de Berlim(1989) e o conseqüente fim da União Soviética(1991). O Governo Dilma, goste ela ou não, representa o início de uma nova transição que projeta o Brasil a uma efetiva potência planetária. Se esta senhora tiver êxito terminaremos esta década falando dela, computando conquistas.
Para nós do Nordeste, a posse dada ao novo comandante do Banco do Nordeste - uma instituição que investiu R$ 21 bilhões no ano passado – na segunda-feira,13, e a transmissão na última sexta-feira,17 – anima, cria a sensação de que agora a coisa vai. Há uma expectativa que instituições como a Chesf, Codevasf, Dnocs e Sudene sejam devidamente retomadas para ação de médio e longo prazo. Espera-se que políticas de desenvolvimento regional que essas instituições tocam, são agentes ou parceiras, comecem a fluir. Se antes se afirmava, sem medo, que o Nordeste estava relegado no início do Governo Dilma, os últimos fatos começam a justificar que, mais que isso, o país todo estava travado. Não vamos aqui pedir escusas pelas avaliações, pois elas são baseadas em fatos e constatações. O Nordeste estava relegado nas políticas do atual governo, pois o Planalto não sabia para onde deveria se mover em várias áreas. O Nordeste não poderia ficar de fora da onda de alheiamento.
O ex-presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, fez uma breve fala em sua despedida - foi categórico em dizer que o banco apesar de ter crescido muito nos últimos anos ainda é pequeno para as necessidades do Nordeste. O novo presidente Jurandir Vieira Santiago, especialista em investimentos públicos de caráter social e cheio de carisma - chegou falando de geração de emprego e renda assim como de redução dos juros. O Banco do Nordeste deverá mudar como todos os órgãos e instituições do Nordeste para os próximos anos. Temos que nos preparar para os jovens que estão chegando aí, cheio de pragmatismo, coisa que os jovens dos anos 50/60 do século passado não tinham, época em que surgiram boa parte das instituições regionais nordestinas que ainda vivem.
O oportunismo típico do nordestino do semi-árido não pode ser esquecido, pois faz parte de nossa formação antropológica, mas devemos buscar algo mais nesse processo de retomada. Talvez a palavra seja confiança.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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