31 de julho de 2025

As sulistas e o Nordeste

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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(Brasília-DF)   Na Roma Antiga se sabia quando um imperador, ou César, estava morto quando mudava a guarda pretoriana. Os pretores eram a cara do poder imperial de Roma.  Não eram os mais poderosos, claro, tinham os senadores, mas davam o tom do que era poder.
 
Nesta semana poderíamos dizer que os pretores mudaram no Governo Dilma. Mudaram a cara do Governo?! Certamente, mas só o tempo dirá se a inteligência do Governo mudou. A Presidenta não soube lidar com a dupla que montou para a articulação política – Antônio Palocci e Luiz Sérgio. Agora. tem uma nova, mas tudo vai depender, bem  mais, da principal ocupante do Terceiro Andar do Palácio do Planalto do quem quer que seja. Os perfis das novas ocupantes da Casa Civil e da Secretaria de Relações Institucionais, SRI, da Presidência da República, Gleise Hoffman e Ideli Salvartti não animam muito. 
 
Nós nordestinos sempre reclamaram dos paulistas que passaram a comandar este país mais veemente, especialmente, após o Golpe de 64. Esta grita vem de muito tempo, mas ficou evidente na formação do BNDES que só ganhou o S(social) para acalmar os nordestinos. Agora teremos que lidar com um triângulo de sulistas que tem como vértice uma Presidenta que nasceu em Minas, porém nasceu para a política moderna no Rio Grande do Sul.   
 
Noutro momento afirmei, na cobertura da agência Política Real, ao comentar o descaso do atual governo com o Nordeste, que a Presidenta iria, naturalmente, se voltar para as regiões onde teve uma votação menos destacada no pleito do ano passado.  Dilma só venceu Serra pois venceu no NE, Minas e Rio de Janeiro.  Não por acaso, só o Rio de Janeiro vem tendo uma maior atenção de Dilma. É do ser humano se dedicar mais aos que lhe menos prezam quando se chega a um patamar mais alto. É a vendeta enviesada dos poderosos. Dilma se dedica a buscar espaço onde Lula não conseguiu muito êxito. A composição sulista de seu alto comando não nos deixa dúvidas.   Vamos torcer para não termos saudades dos paulistas.
 
Depois de quase seis meses completos, o Governo anuncia a mudança de comando no Banco do Nordeste do Brasil. Esta articulação não é dos atuais gestores do posto, isto ainda é coisa da administração anterior. As sulistas que estão no comando, agora, herdam um problema a menos.  A publicidade dada ao novo titular da empresa pública mais importante voltada para o Nordeste se deu na sexta-feira,10, justo quando todos os governadores nordestinos estivam reunidos em Fortaleza.  Ninguém quis colocar suas tintas no quadro em branco e preto. Nada contra o novo presidente, Jurandir Vieira Santiago, nome bem quisto no Ceará e na Caixa Econômica. O problema decorre da forma como Dilma articula as coisas do Nordeste.
 
Dilma e a nova chefe da Casa Civil são tidas como gestoras. Onde existe qualidade de gestão onde não se dá segurança política e institucional a gestores que têm que tomar decisões? O Nordeste quer soluções para a Chesf, Dnocs, Codevasf. O Governo deve apresentar alternativas as ações dos outros bancos públicos no Nordeste, especialmente do Banco do Brasil, qual o Plano de Desenvolvimento Regional que precisa ser aplicado ou o Plano de Desenvolvimento Produtivo, PDP, que vem a ser a política industrial, com corte regional, que necessitamos.
 
Bem, muito trabalho para as sulistas.
 
Eis o mistério da fé
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista