As fraquezas de Dilma e o Nordeste
A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos
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(Brasília-DF,29/05/2011) Estamos chegando ao fim do semestre e o Governo Dilma ainda não começou para o Nordeste do Brasil.
Os desdobramentos da derrota do Governo Dilma na votação do Código Florestal estão aí como uma luz solar que a tudo esclarece. Poderíamos dizer que seria mais uma safadeza dos tubarões da classe política brasileira contra a escolhida de Lula. Muitos desses tubarões, senão a maioria, são nordestinos. Sabemos como essa gente é esperta - sabem ser gentios sendo nobres. Dessa vez, sem fazer advocacia do Diabo, eles estão certos.
Não houve da parte do Governo Federal nenhuma fala ou esboço de ação concreta para atender o Nordeste. Pontualmente, nada se vê. É um deserto. Houve o aumento da verba para o Bolsa Família, mas isso não basta - não nos serve. Temos uma nova classe média aí que deseja outra coisa. Não foi apresentada, ou reforçada, uma política pública. Ela disse que temos que crescer acima da média nacional. As podas no orçamento de 2011, guardadas as proporções, afetam, mais duramente, o Nordeste, que demanda a maior presença do Estado.
Lula teve que reaparecer para conter os descontentamentos, não só dos nordestinos. A presença do Ex-Presidente deixou seus velhos adversários indóceis. Reclamaram, logo, do enfraquecimento da Presidenta. Lula disse quando saia que voltaria sempre que a Presidenta pedisse. Parece que ela pediu. A informação que se tem é que o Caso Palocci e o resultado da estupenda derrota governamental na Câmara foram a medida de alerta. Se critica a Presidenta de impor a cultura da meritocracia não pela prática em si, mas pela forma. Dilma se esquece que se fosse pela meritocracia o povo brasileiro teria votado no currículo de José Serra, que foi quase tudo na vida pública e tem percurso acadêmico e burocrático. Ela precisa unir a meritocracia e a política. Foi isso que deu certo no Governo Lula. Palocci também é criticado por não estar exercendo a política, mas se sabe que tudo indica que ele se preservou dos contatos com os políticos para que Dilma não tivesse sido revelada. Sim, desnuda em suas fraquezas na construção política. Palocci tem paciência para lidar com as coisas e vem testemunhando essas dificuldades.
A volta de Lula fez com que um petista nordestino que tem fama de cauteloso se armasse da coragem dos bons. O senador Wellington Dias(PT-PI), que vem tentando criar a Bancada do Nordeste, no Senado, disse em recente almoço com a Presidenta que o Governo tinha que se formar, logo. Ele destacava a dificuldade de interlocução do Governo Federal com o Nordeste face a não confirmação dos quadros burocráticos de importância. Ela se irritou. Não adianta se afirmar que os nordestinos querem cargos para transformar em poder. O Nordeste precisa deste poder muito esclarecido. É bom lembrar que mais de 60% do PIB brasileiro vem da força do poder público, em imaginar no Nordeste.
Em política não existe coincidências, mesmo quando elas existem. As dificuldades do atual Governo se evidenciam no auge da crise com o Nordeste.
Em Tempo: Apesar da disputa São Paulo-Minas, no PSDB, são dois os nordestinos que vão tomar de conta da coisa: o pernambucano Sérgio Guerra e o cearense Tasso Jereissati.
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Junior, jornalista
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