As explicações de Palocci e dos nordestinos
A coluna de Genésio Araújo JR é publicada todos os domingos neste espaço
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( Brasília-DF) As pessoas mais importantes próxima da Presidenta Dilma Rousseff são pessoas sem voto ou que desistiram de buscar mandatos eletivos para desempenhar um papel na campanha da então candidata de Lula.
É inegável que pessoas como os ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo, se fossem às urnas, certamente teriam mandato. O resto da turma certamente não seria eleita nem como síndico de seus prédios. A turma mais próxima de Lula que ficou no Governo, na chamada “Guarda Pretoriana”, é um bando de sem votos. A turma mais ligada a Dilma, também. Isso não é o fim do mundo. Numa democracia presidencialista é normal - os ministros são pessoas de ponta da sociedade e que não possuem, raramente, mandatos. Isso não quer dizer que essa gente não tenha sensibilidade destacada com o que pensa a distinta assistência. O Brasil é um presidencialismo-presidencialista ou seria um parlamentarismo-presidencialista?! Apesar do grande poder do Executivo temos a necessidade de manter um presidencialismo de coalizão onde se admite o que vemos no país: um governo é forte mais pelo poder de manter todos juntos, lhe dando apoio, no Congresso.
A forma como a bancada de deputados nordestinos se portou na votação do requerimento da oposição para que o ministro Palocci desse explicações sobre o avanço no seu patrimônio nos últimos quatro anos, em especial a possibilidade de ter ganhos na condução da coordenação da campanha de Dilma Rousseff, se explica muito mais por isso do que pela intensa insatisfação desse grupo com a condução das políticas para o Nordeste, alheiamento à questão do desenvolvimento regional, e, pior que isso, desatenção pura e simples com a proposta de se colocar em discussão o veto à partilha do Pré-sal tendo como parâmetros as regras do Fundo de Participação.
Não dá para imaginar que a classe política nordestina, os deputados federais, em especial, que votaram em massa para evitar que Palocci fosse ao plenário Ulysses Guimarães – tenham assim se comportado por falta de coragem ou simplesmente porque atendem ao que pedem seus líderes governistas. Palocci é muito respeitado pelos seus ex-colegas deputados e senadores, especialmente aqueles. Quem o conhece sabe como ele é hábil. A classe política nordestina sabe que se está ruim com Palocci, que se comporta como se tivesse que ir contra a sua natureza de habilidade - pior seria. O Congresso tem todas as reservas neste momento. Os nordestinos, a elite congressual, não seriam diferentes. A fraqueza do ministro das Relações Institucionais, o ex-deputado fluminense Luiz Sérgio, é tão flagrante que se parece com a luz que cega aos olhos. Palocci não tem reserva. Pior, os deputados que não são do PT desconfiam que o episódio seria uma disputa dentro do partido ao qual a Presidenta é filiada. PT não é para quem não se iniciou. Dia desses perguntei ao deputado José Guimarães(PT-CE), se ele era, agora , o único vice presidente nacional do PT, face a ida de Rui Falcão para a presidência no lugar de Zé Eduardo Dutra.
“Não, Genésio. Vamos fazer outra reunião para definir isso!”, disse, com aquele jeito de que nada é fácil e que não mereça uma construção.
É inegável que o Ministro Palocci deve explicações. Muitos devem fazê-lo, também
Eis o mistério da fé.
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
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