31 de julho de 2025

É a Política, estúpidos!

A coluna de Genésio Junior é publicada todos os domingos

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( Brasília-DF) O episódio da suspensão da votação do Código Florestral na última quarta-feira,11 de maio, foi um marco para o Governo Dilma Rousseff.
 
Durante a campanha política do ano passado, especialmente no segundo turno, quando já se sabia quem teria maioria parlamentar, no caso seria a então candidata Dilma, seus apoiadores alentavam para a ilação de que seria melhor de governar um país, como o Brasil com um presidencialismo típico – com maioria no Congresso. A maioria seria larga na Câmara e destacada no Senado - coisa que Lula não teve.
 
Com a chegada do PSD, que ainda não existe formalmente, mas está a caminho, essa maioria se imagina pantagruélica, mas caminha para ser monstruosa. Quando Getúlio Vargas, criador do Partido Trabalhista Brasileiro, PTB, viu que tinha que controlar um partido de centro-direita, permitiu que seu cunhado, Amaral Peixoto, criasse o Partido Social Democrático, PSD. Na política brasileira, especialmente nas avaliações sociológicas dos cientistas políticos, se cunhou a expressão pessedismo. Era a forma mais direta e sofisticada para definir um governista empedernido. Muda-se o Governo, mas se continua governista. O sol é para todos, a sobra é para alguns poucos. 
 
O Governo Dilma parece viver o período Pós-64 em que o Marechal Castelo Branco se viu premido a obrigar que se criasse um partido, o MDB, para se fizesse oposição a Arena, que seria o partido do Governo. Com o episódio de quarta-feira passada Dilma precisa que se crie um partido de Oposição para ela. Dilma não tem experiência no mundo parlamentar. Ela só conhece o lado hard daqueles que se usaram do desenvolvimentismo apoiado por ela no Governo Lula para conduzir interesses políticos do tal. Esse pragmatismo reduziu a política a menos do que ela é. Dilma está vendo que até na mediocridade a política existe. Os senhores medíocres parlamentares mostraram que em meio a questões de fundo eles também sabem fazer o que Dilma ainda não entende: política.
 
Já se sabe, através de interlocutores, que Dilma Rousseff não sabe e despreza o desenvolvimento regional de Celso e pouco entende do que é desenvolvimento regional hoje. Ficou evidente que Dilma vai ter que lidar com a questão da política parlamentar bem além do é dando que se recebe. A desmoralização do Governo nesse episódio da votação do Código Florestral deixou a incompetente oposição exultante. Os líderes governistas se desentenderam. A prudência nordestina do líder Henrique Alves(PMDB) foi considerada fundamental para que o Governo não fosse fragorosamente derrotado. No geral, as lideranças nordestinas se houveram mal. O alagoano-paulista Aldo Rebelo( PC do B) foi infeliz, o pernambucano-paulista Roberto Freire(PPS) não conseguiu unir o seu pequeno partido.
 
A situação chama atenção e mostra como ainda existe política em meio à pasmaceira. As dificuldades em torno desta questão são tão célebres que existem três Nordeste(s) para o código: o da Fronteira Agrícola, o da Zona da Mata e o do Semi-árido( com ou sem transposição). Quando o problema das gentes fica aparentemente impossível de ser resolvido só existe uma solução e isto é a Política(estúpidos!).
 
Que tenha servido de aprendizado.
 
Eis o mistério da fé.
 
Por Genésio Araújo Jr, jornalista